O presidente Jair Bolsonaro reconheceu em discurso na manhã desta sexta-feira, durante a posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich , que corre um risco ao defender a reabertura do comércio em cidades brasileiras em meio à pandemia do novo coronavírus. Ele também agradeceu "do fundo do coração" o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta , que compareceu à cerimônia, e disse que os dois serão julgados pela história.
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"Eu agradeço, Mandetta , do fundo do coração. Aqui não tem vitoriosos e nem derrotados. A história, lá na frente, vai nos julgar. E eu peço a Deus que nós dois estejamos certos lá na frente. Essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar vem pro meu colo. Agora o que eu acredito que muita gente já está tendo consciência é que tem que abrir", declarou Bolsonaro, em discurso no Palácio do Planalto.
Em outro momento de elogios ao agora ex-ministro, o presidente disse que sua visão era muito boa, "era a da saúde, da vida". E que na dele entrava também o ministro da Economia, Paulo Guedes, a economia, o emprego.
"Desde o começo eu tinha uma visão, e ainda tenho, que nós devemos abrir o emprego, porque o efeito colateral do combate ao vírus não pode ser, no meu ponto de vista, mais danoso do que o próprio remédio", comentou Bolsonaro .
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Ele também criticou medidas adotadas por governadores, sem citar nenhum deles nominalmente, citando "aquelas cenas de prender mulheres na praia, em praça pública".
"Eu não consigo entender isso daí. Não concordo", declarou o presidente. "Pena que eu não posso intervir em muita coisa, porque o Supremo [Tribunal Federal] decidiu", acrescentou, em referência à decisão de quarta-feira que garantiu autonomia a Estados e municípios para definir distanciamento social.
Bolsonaro
disse ainda que, como vivemos em uma democracia, respeiterá a decisão do STF
, mas apontou que as prisões de quem infringe a determinação de isolamento "atingem a alma de cada cidadão brasileiro".
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"Não vou pregar desobediência civil, mas medidas como essas têm que ser rechaçadas por todos nós", afirmou. Na saída da cerimônia, o vice-presidente Hamilton Mourão cumprimentou jornalistas que estavam no local à distância e comentou, dando risada. "Tudo sob controle... Não sabemos de quem".