O presidente Jair Bolsonaro foi alertado de que, se tentar flexibilizar as regras de isolamento social por conta do novo coronavírus na “canetada”, enfrentará uma difícil batalha na Justiça. O recado foi dado ao mandatário do Palácio do Planalto em reunião neste sábado (28) da qual participaram o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Apuração foi feita pelo O GLOBO.
A avaliação levada ao presidente é a de que o momento exige uma ação coordenada entre o governo federal, Estados e municípios para controlar o avanço da pandemia no país e, ao mesmo tempo, evitar um colapso nos serviços e atividade essenciais.
Apesar dos alertas, neste domingo (29), Bolsonaro decidiu sair do Palácio da Alvorada para o que chamou de tour "aleatório" pelo Distrito Federal . O presidente parou em vários pontos para cumprimentar apoiadores. Tudo isso aconteceu menos de 24 horas após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defender o distanciamento social neste momento para evitar um colapso do sistema de saúde.
No Congresso e no Judiciário, a avaliação é a de que Bolsonaro é “incontrolável” e “incorrigível”. Por isso, a ordem é a de manter ações coordenadas com os Estados e municípios, tendo com base dados da ciência e da medicina.
Ao retornar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou a jornalistas estar com vontade de ampliar o número de atividades que não podem parar durante a crise epidemiológica . "Eu estou com vontade, tenho como fazer, estou com vontade: baixar um decreto amanhã. Toda e qualquer profissão, legalmente, existente ou aquela que é voltada para a informalidade, se for necessária para o sustento dos seus filhos, levar o leite dos seus filhos, arroz e feijão para sua casa, vai poder trabalhar", disse.
Procurado pelo GLOBO, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que continuará a seguir as recomendações do ministro da Saúde. "Prefiro seguir as recomendações do Mandetta, que é o ministro da Saúde. Aliás, nem sei [qual é] a formação do presidente", disse.
Ibaneis foi um dos primeiros governadores do país a impor medidas restritivas à população, como o fechamento de escolas e do comércio. O governador do DF disse, ainda, ter ficado “feliz” em ver o presidente “bem de saúde”. "Afinal, vamos precisar muito dele para cuidar das pessoas e dos empregos. Até acho legal esse jeito espontâneo dele, mas em, questões de saúde, prefiro os especialistas."