O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, no Rio de Janeiro, já há um acordo fechado para apoiar Marcelo Freixo (PSOL) como candidato à Prefeitura na eleição deste ano. Em São Paulo, ele defende o nome de Fernando Haddad, que resiste a concorrer novamente a prefeito.
"No Rio de Janeiro, já tem uma cultura estabelecida no PT do Rio que é o apoio ao Freixo. Tem uma coisa consolidada, e é assim que a gente vai tocando o barco", afirmou o petista.
Em reunião com deputados e senadores do PT na tarde desta quarta-feira (18), ele disse que o ex-prefeito Fernando Haddad deveria viajar pelo Brasil nestas eleições. Argumentou que, no Norte e no Nordeste, a mídia local daria mais espaço ao petista. Ele mesmo se colocou à disposição dos candidatos a prefeito para viajar em uma pré-campanha a partir de abril.
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Haddad também participou da reunião e anunciou aos parlamentares um plano para repaginar a estratégia de comunicação em redes sociais do PT. Lula afirma que o PT precisa melhorar sua comunicação, não só em reação ao bolsonarismo, mas como um todo.
"O PT precisa melhorar sua comunicação como um todo. É um partido muito grande, enraizado em todo o território nacional, mas o partido precisa se aprimorar e coletivizar sua comunicação digital. O Haddad está cuidando disso junto com outros companheiros e eu espero que o PT possa dar um salto de qualidade."
Ele frisa que o objetivo é "provar que é possível utilizar a comunicação digital para falar a verdade, para fazer debate, de coisa com conteúdo". Haddad afirmou que a oposição está lidando com "uma maquinaria que envolve cadastros privados, caixa 2 e fake news".
"É muito crime contra a gente. Nós precisamos ter uma ofensividade maior em reação a isso. Isso significa alinhamento político, pensar numa campanha com o legado do partido", disse.
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Ele nega que queira ser candidato a prefeito. Lula, por sua vez, diz que o nome de Haddad será bem recebido na disputa. "Vai ter um candidato. O dia que o Haddad quer ser candidato, ele será o candidato. Todo mundo que disputa na verdade gostaria que o Haddad fosse candidato, mas é uma coisa que temos que respeitar a decisão dele, de querer ser ou não."
Ataques à imprensa
Lula também se posicionou sobre os ataques do presidente da República Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da "Folha de S.Paulo", e disse que está na hora de ele aprender "bons modos".
"Lamentavelmente me parece que a democracia não chegou à cabeça das pessoas, me parece que a educação e o respeito não chegaram à cabeça do presidente Bolsonaro. Eu penso que está na hora de ele aprender bons modos, educação é uma coisa que faz bem pra todo mundo."
Haddad disse que a ofensa é "inadmissível". "Isso é uma agressão ao país, repercute no mundo inteiro um presidente que tem a desfaçatez de falar uma coisa dessas. É um crime contra o país, as pessoas não estão se dando conta de quem está ocupando a Presidência da República. É uma pessoa desprezível que fala uma coisa dessas contra uma jornalista respeitada, uma pessoa de princípios, de valores."
Capitão Adriano
Sobre o fato de Bolsonaro ter associado a morte do miliciano Capitão Adriano ao PT — por ter sido morto pela Polícia Militar da Bahia, governada por Rui Costa (PT) — Lula disse ter alertado o governador de que o presidente faria essa associação.
"Um governo que nasceu para contar a quantidade de mentira, de fake news que ele conta, ele só poderia inventar mais essa. Talvez amanhã eu converse com o governador Rui Costa, eu acho que o Rui Costa, quando viajei para a Itália conversei com ele, e falei, só tome cuidado que o Bolsonaro vai tentar jogar no seu colo a morte do Adriano. E é isso que está acontecendo."
Ele diz Adriano não deveria ter sido morto, e que quem tem motivo para "queimar arquivo" é quem está no governo federal.
"Rui Costa é um homem de bem, é um homem que respeita os direitos humanos, e tenho certeza que o Rui Costa jamais faria uma coisa para queimar arquivo. Quem tem que queimar arquivo é quem está no governo federal, e não o Rui Costa."