A conta oficial da Secretaria de Comunicação do governo fez uma publicação com críticas a uma entrevista da cineasta Petra Costa, diretora do documentário Democracia em Vertigem, e dividiu opiniões nas redes sociais nesta terça-feira (4). Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff saíram em defesa da diretora, enquanto os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) a atacaram.
A publicação foi feita após uma entrevista de Petra Costa ao canal norte-americano PBS , em que ela afirma que Bolsonaro levanta uma bandeira "contra o feminismo, direitos dos gays e pessoas de cor". A cineasta afirma ainda que, desde que o presidente foi eleito, o índice de homicídios pela polícia do Rio aumentou 20%.
A entrevista viralizou nas redes sociais e a hashtag #PetraCostaLiar - que significa mentirosa - chegou aos assuntos mais comentados do Twitter na tarde de ontem (3). Com a polêmica, a conta oficial da Secom publicou um vídeo em que desmente e chama de "fake news" as declarações da cineasta.
"Nos Estados Unidos, a cineasta Petra Costa assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do País no exterior. Mas estamos aqui para mostrar a realidade. Não acredite em ficção, acredite nos fatos", diz a publicação.
A iniciativa do governo dividiu opiniões nas redes sociais. Em sua conta do Twitter, Dilma afirmou que a cineasta foi "vítima de intolerável agressão oficial do governo Bolsonaro." "A Secretaria de Comunicação da Presidência exibiu um vídeo, feito com dinheiro público, para ofender uma artista brasileira apenas porque exerceu o inalienável direito de criticar o governo numa rede de TV. Trata-se de censura e de brutal desrespeito à liberdade de expressão", escreveu.
"O insulto mais grave da Secom a Petra Costa foi acusá-la de militante antiBrasil no exterior. Isto é não só mentira, como também uma inversão absoluta da realidade. Não há em nosso país ninguém mais anti-Brasil e mais pernicioso à nossa imagem no exterior do que Bolsonaro", completou a petista.
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O ex-presidente Lula também saiu em defesa de Petra e criticou o atual governo. "Bolsonaro age à revelia da verdade, usando a estrutura do governo para atacar a cineasta @petracostal. A perseguição à cultura é método dessa gestão. Minha solidariedade a Petra pela coragem em narrar os fatos em tempos de guerra à verdade", afirmou.
Enquanto isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro compartilhou o vídeo da entrevista e chamou a diretora de "canalha" e "militante comunista". Já Kim Kataguiri, líder do MBL, afirmou que Petra "beira a pseudolalia". "Sua visão de mundo, assim como sua obra de ficção, não tem a menor conexão com a realidade de um país que se revoltou contra o desgoverno incompetente e corrupto do PT e foi às ruas clamando por liberdade", escreveu.
Democracia em Vertigem conta a história do impeachment de Dilma Rousseff pelos olhos da diretora e foi indicado ao Oscar na categoria melhor documentário, que acontece neste domingo.