O presidente Jair Bolsonaro encerrou abruptamente uma entrevista na qual falava da reação do Brasil ao coronavírus, na tarde desta sexta-feira, ao ser questionado se o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni , continua no governo. Acompanhado por quatro ministros, ele saiu de uma reunião no Palácio da Alvorada para atender a imprensa e disse estar pronto para conversar sobre o tema discutido no encontro.
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Quando uma repórter perguntou sobre a permanência de Onyx , quase 12 minutos depois, Bolsonaro interrompeu e disse que isso não é assunto e "não foi tratado aqui". Indagado em seguida quando iria encontrar o ministro da Casa Civil, o presidente disse que ele estava no palácio "agora há pouco". Onyx havia deixado o Alvorada pouco antes da saída do presidente.
"Bem, já que deturpou a conversa, acabou a entrevista. Obrigado, pessoal - declarou, encerrando a interação com os repórteres e passando a cumprimentar apoiadores que estavam no local".
As cenas foram transmitidas ao vivo pela página do presidente no Facebook. Bolsonaro então olhou para a câmara e falou aos espectadores:
"Ao pessoal que tá ouvindo aqui, a entrevista tratava exclusivamente da questão do coronavírus e quando começam outras perguntas, a gente sair fora porque o que nós queremos é solução para o Brasil, e não problema", comentou.
Em meio à crise que culminou na demissão do ex-secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini, e na retirada do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da pasta, ao longo da semana, o ministro antecipou o fim das férias e retornou na manhã desta sexta para Brasília. Na chegada ao aeroporto, ele disse que não cogita deixar o governo.
Pouco antes do meio-dia, o ministro foi para o Palácio do Planalto, onde se reuniu com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. À tarde, Bolsonaro publicou em edição extra do Diário Oficial da União um despacho oficializando a interrupção do afastamento de Onyx, prevista para durar até o próximo domingo. E o ministro foi participar de reunião no Palácio da Alvorada, sem falar com a imprensa.
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Na entrevista, Bolsonaro era acompanhado pelos ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Ernesto Araújo (Relações Internacionais), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Fernando Azevedo (Defesa). Além deles, também participaram da reunião Augusto Heleno e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência).
No Palácio do Planalto, conversas de bastidores indicam a possibilidade de uma minirreforma ministerial para dar uma "saída honrosa" a Onyx , que poderia migrar para o Ministério da Educação. Segundo relatos de auxiliares do presidente e de ministros, o titular da pasta, Abraham Weintraub , poderia migrar para a Secretaria-Geral e Jorge Oliveira iria para a Casa Civil. Até o momento, no entanto, Bolsonaro não se manifestou publicamente sobre a suposta articulação.