Locomoção, hospedagem, alimentação, contratação de serviços, verba para aluguel de imóveis, passagens aéreas. Os gastos de um senador no Brasil com esse tipo de serviço variam, atualmente, de R$ 0 a mais de R$ 600 mil por ano. Em 2019 não foi diferente. Humberto Costa (PE), líder do PT na Casa, foi o parlamentar que mais gastou no ano passado: R$ 607.404,64. Por outro lado, Paulo Albuquerque (PSD-AP) não usou da verba.
Estes 'privilégios' estão inclusos na chamada Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAPS), um recurso que varia entre R$ 25 mil e R$ 41 mil mensais disponibilizados para cada um dos 81 senadores do Congresso Nacional. O valor também é somado a uma outra verba, utilizada para os gastos com viagens oficiais, correio e combustível. Além disso, os senadores ainda recebem o salário e auxílio-moradia ou imóvel funcional.
O maior número de gastos de Humberto Costa foi com locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis: R$ 151.263,65, seguido de passagens aéreas, aquáticas e terrestres nacionais. Procurado pela reportagem, o senador afirmou que gasta porque trabalha, além de viajar ou mandar funcionários para cobrir a demanda da população em outros estados e no interior. O parlamentar disse ainda que o preço da passagem de avião “aumentou violentamente”.
“Eu gasto recurso porque trabalho e não recebo mesada de empresário, faço o que a legislação permite que eu faça. Se eu quisesse ficar sem fazer nada, não gastaria. Eu trabalho, estou viajando e prestando conta para a população, então não vejo problema”, argumentou.
Telmário Mota (RR), líder do PROS, e Eduardo Braga (AM), líder do MDB, também foram os senadores líderes em gastos na Casa: R$ 552.755,06 e R$ 545.575,59, respectivamente. Por outro lado, os três que menos gastaram - além de Paulo Albuquerque - foram Prisco Bezerra (PDT-CE), com R$ 154,60, e Reguffe (PODE-DF), com R$ 500,23.
Confira o ranking:
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Correio é "vilão" de gastos no Senado
Dos milhões de reais gastos por ano no Senado, um se destaca: o valor gasto com correspondências. Em 2019, os 81 parlamentares gastaram R$ 1,89 milhão em verba pública nos Correios. Cada senador tem uma cota mensal destinada ao fim. Quanto maior a população do Estado pelo qual foi eleito e menor o indicador oficial de utilização da internet, maior a verba.
No ano passado, o campeão em gastos no Senado foi também o que mais utilizou o serviço: dos mais de R$ 600 mil gastos por Humberto Costa em 12 meses, R$ 134.874,12 foram para enviar cartas e pacotes. São R$ 528 reais por dia útil. Apenas no mês de junho, o senador gastou mais de R$ 44 mil com o envio de impressos e PACs.
Ciro Nogueira (PI), vice-líder do PP, ficou em segundo lugar em gastos com correio: R$ 110.918,62; seguido de Irajá (PSD-TO), que gastou 90.886,83.
Procurado pela reportagem, o líder petista afirmou que 99,9% do que gasta com correspodnências é para enviar Vade Mecum - livro que traz a Constituição, códigos e leis brasileiras - a estudantes e universidades. “Os estudantes pedem, o pessoal que faz concurso pede, eu mando pro interior, para outros estados”, afirmou.
Apenas quatro senadores não registraram nenhum gasto com correio em 2019: Weverton (PDT-MA), Reguffe (PODE-DF), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Paulo Albuquerque (PSD-AP). Por outro lado, os três que menos gastaram foram Oriovisto Guimarães (PODE-PR), que gastou R$ 5,40, Prisco Bezerra (PDT-CE), R$ 75,65, e Izalci Lucas (PSDB-DF), R$ 85,70.