Mensagens divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo em parceria com o The Intercept na manhã desta terça-feira (5) mostram que membros da força-tarefa da Lava Jato monitoraram grampos do telefone do ex-presidente Lula e ocultaram informações importantes da ministra Rosa Weber antes de pedir apoio para continuar as investigações contra ele.
A ministra Rosa Weber era a responsável por examinar o pedido de suspensão das investigações da Lava Jato feito pela defesa do ex-presidente Lula. Segundo a Folha , em uma conversa no aplicativo Telegram, o agente Rodrigo Prado, responsável pelo monitoramento das escutas, avisou a investigadores da força-tarefa que Lula tinha conversado com Roberto Teixeira, advogado do ex-presidente, sobre formas de falar com a ministra sobre o caso.
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As escutas foram passadas pelo procurador Deltan Dallagnol ao então juiz Sergio Moro . Deltan teria apontado riscos da ação no STF. "Até onde tenho presente, ela é pessoa séria", disse o ex-juiz.
A partir deste diálogo, a ideia de confeccionar um documento com informações sobre as investigações da Lava Jato e entregá-lo a Weber foi, então, colocada em pauta. Em pouco tempo, segundo as mensagens, alguns membros da força tarefa pediram cautela no que seria conversado com Rosa.
"Não abra nada", disse o promotor Carlos Fernando. Em pouco tempo, ele afirmou que era "contra falar qualquer coisa sobre operação" e que achava necessário apenas discutir a "necessidade de que o STF não interrompa a investigação".
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Um dos medos demonstrados pelo grupo, segundo mensagens, era de que informações da operação vazassem para o público . Eles demonstravam, também, desconfianças em relação a Rodrigo Janot.
Deltan, então, foi até Brasília e entregou o documento ao chefe de gabinete de Rodrigo Janot, que passou as informações para o chefe de gabinete da ministra. Após receber o documento, Rosa solicitou que a defesa de Lula fosse comunicada das informações mostradas pela força-tarefa, pedindo uma resposta deles para tomar decisão.
Com o despacho enviado à defesa de Lula , procuradores articularam com a Polícia Federal a data de busca e de condução coercitiva do ex-presidente. Sem encontrar indícios de ilegalidade nas investigações, a ministra anunciou sua decisão de permitir que o trabalho continuasse no mesmo dia. A decisão foi comemorada pelo delegado Márcio Anselmo, que disse "Rosa weber mandou lils pastar" e "Uhuuuuuu".
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Em resposta, a força-tarefa disse que não tiveram contato com Rosa Weber para falar sobre o assunto. Eles afirmaram, ainda, que não reconhecem as mensagens vazadas por considerá-las "material oriundo de um crime cibernético".
O hoje ministro Sergio Moro também disse que não reconhece as mensagens e que nunca tratou informalmente de questões relativas à Operação Lava Jato com Rosa Weber ou qualquer outro ministro do STF. O procurador Eduardo Pelella, que teria recebido o documento de Deltan quando era chefe de gabinete do ex-PGR Rodrigo Janot, disse que não lembra de detalhes das situações e que funções como despachos eram parte do cotidiano no local.
Rosa Weber e Rodrigo Janot não se pronunciaram sobre o caso.