Caso Marielle: Bolsonaro nega que tenha agido para obstruir investigações

Presidente disse que se referia aos vídeos feitos pelo filho Carlos quando afirmou ter pego as gravações da portaria do condomínio Vivendas da Barra

Foto: Reprodução/TV Globo
Presidente disse que não obstruiu investigação e que apenas pegou vídeos feitos pelo filho Carlos

O presidente Jair Bolsonaro negou, na noite deste domingo, que tenha agido para obstruir as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Leia também: Fim de padrinhos? Entenda a 'fábrica' de novos políticos no Brasil

No sábado, partidos de oposição ameaçaram representar contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria-Geral da República (PGR).O motivo foi a declaração do presidente de que pegou os áudios das ligações realizadas entre a portaria e as casas do condomínio Vivendas da Barra antes que, segundo ele, as gravações fossem adulteradas.

"Agora, também falam que estou obstruindo a Justiça. Que obstrução? Apenas eu falei com meu filho, ele foi na portaria, como qualquer um dos 150 moradores do condomínio podem fazer. Colocou a data 14 de março do ano passado, entrou nas ligações da minha casa e para a casa dele, ele botou o áudio e filmou esse áudio. Nada além disso", disse Bolsonaro em entrevista ao "Domingo Espetacular", da Record TV.

Continua após a publicidade

O filho a quem o presidente se referiu é o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), também morador do condomínio. Na quarta-feira passada, ele divulgou dois vídeos no Twitter em que mostra as gravações feitas pelo sistema do condomínio no dia da morte de Marielle e Anderson, 14 de março de 2018.

Os vídeos feitos por Carlos foram uma resposta aos depoimentos de um porteiro noticiados pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na última terça-feira. O profissional disse à Polícia Civil , em duas ocasiões, que o ex-Policial Militar Élcio de Queiroz, suspeito das execuções da parlamentar e do motorista, teria entrado no Vivendas horas antes do crime com a autorização da residência de Bolsonaro (ele disse ter falado com o "seu Jair" no interfone).

O profissional também registrou em uma planilha de controle que Élcio teria ido à casa 58, onde vivia Bolsonaro. No entanto, uma perícia feita pelo Ministério Público do Rio nas gravações contradisse o porteiro e mostrou que o responsável por liberar a entrada de Élcio foi o sargento reformado da PM Ronnie Lessa , outro suspeito do crime e também morador do residencial.

Leia também: Reação contundente da sociedade fez Eduardo Bolsonaro recuar, diz Barroso

Para os líderes da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao dizer no sábado que tinha pegado os áudios, o presidente "confessou ter se apropriado de provas" relacionadas ao caso Marielle .