O ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Luís Roberto Barroso disse ter ficado surpreso com a resposta pública sobre a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro sobre o AI-5. Em palestra na 50ª Convenção Nacional da Confederação Israelita do Brasil, realizada no Clube Hebraica em São Paulo neste domingo, o magistrado afirmou que a "reação contundente" da sociedade fez o parlamentar recuar e pedir desculpas.
Leia também: Associações de delegados repudiam declarações de Bolsonaro sobre caso Marielle
"Me chamou a atenção a reação da sociedade. Foi muito contundente, a ponto de o parlamentar voltar atrás", declarou Barroso. Barroso comentava que existe atualmente "uma onda autoritária no mundo", cuja singularidade foi tratada no livro "Como as democracias morrem", de autoria de Steven Levistky e Daniel Ziblatt.
"No nosso tempo, as democracias feneciam nas mãos de lideres militares. Agora a erosão democrática vem de líderes eleitos. Mas eu acho que a democracia brasileira é bastante resiliente e tem resistido ao longo dos anos a momentos de muitas dificuldades. Não foram tempos banais estes 30 anos de democracia brasileira", disse Barroso. "Eu acho que, embora o livro da temporada seja 'Como as democracias morrem', acho que no Brasil a gente poderia escrever o livro 'Como as democracias resistem'".
O ministro evitou comentar a falta de uma resposta institucional imediata por parte do Supremo logo após à declaração de Eduardo Bolsonaro se tornar pública. Ele afirmou que "quem fala em nome do Supremo é o presidente ou o decano". O presidente do STF , Dias Toffoli, ainda não comentou a declaração de Eduardo.
Leia também: Olavo de Carvalho diz que Globo deveria ser fechada imediatamente
A afirmação de Eduardo Bolsonaro foi feita durante uma entrevista à jornalista Leda Nagle, veiculada em seu canal no YouTube na última quinta-feira. Após as críticas recebidas, o deputado foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro e gravou um vídeo pedindo desculpas.