Comunismo matou mais que nazismo? Historiador explica e desestimula comparação
Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para chamar sistemas de "nefastos", mas classificou o comunismo como mais maléfico que o nazismo
Por iG Último Segundo |
14/10/2019 16:18:57Na manhã desta segunda-feira (14), o deputado federal Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) polemizou ao dizer que o comunismo matou mais pessoas do que o nazismo. Na postagem feita em seu perfil no Twitter, o político chama os dois sistemas de "nefastos" e citou a história do "louco" ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill e como ele derrotou Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.
O comunismo matou mais do que o nazismo,ambos sistemas nefastos.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) October 14, 2019
Hoje pessoas parecem ter esquecido nosso passado recente e querem dialogar com aqueles que estavam nos botando nos mesmo caminho da Venezuela.
Vc prefere ser um isentão como Chamberlain ou um louco como Churchill?
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Quem matou mais?
Segundo historiadores da Segunda Guerra Mundial, o regime nazista de Adolf Hitler foi responsável pela morte de aproximadamente 19 milhões de pessoas. A maioria das vítimas foram eslavos (12,5 milhões de mortos) e judeus (aproximadamente 6 milhões de mortos).
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Em relação ao comunismo , faltam dados oficiais. Entretanto, segundo O Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão , obra elaborada por professores, pesquisadores e universitários europeus, o regime comunista foi responsável por aproximadamente 94,4 milhões de mortes ao redor do mundo, sendo a maioria delas na China: 65 milhões.
Polêmica vazia
Entretanto, segundo o historiador Marcos Guterman, a declaração de Eduardo, por mais polêmica que seja, é " vazia de sentido " e tem como finalidade alimentar as redes sociais e acabando criando um "campeonato" ideológico. "Não sei aonde ele quer chegar com isso. Que tipo de valor esse dado tem", afirmou Guterman.
Para o historiador, a afirmação mostra a visão da história que o deputado possui e é um "discurso de confronto", que reafirma que os políticos de direita existem "para combater esse mal chamado comunismo ".
De acordo com Guterman, todos os " regimes totalitários produzem mortes em larga escala" e o que difere os dois regimes citados é a forma como as mortes acontecem. Segundo o historiador, enquanto o comunismo era um regime que impunha sua força diante dos inimigos, o nazismo foi uma "experiência de controle industrial da morte" - por conta da maneira como as minorias foram exterminadas - e que, por isso, se tornou o "símbolo do mal". Entretanto, apesar da discussão, Guterman conclui afirma que "pouco importa quem matou mais pessoas".
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