Deputados do PSL estão incomodados com o atraso do governo para pagar as verbas extraorçamentárias prometidas a prefeituras durante a negociação da reforma da Previdência. A insatisfação leva alguns a defenderem o afastamento do líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), por não ter pressionado o suficiente o governo nos últimos meses. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) se elegeu fazendo críticas ao toma "lá, dá cá".
Leia também: Dodge defende cassação de mandato da senadora "Moro de saias"
Um dirigente da sigla ouvido pelo jornal O Globo diz que o PSL é tratado como "esposa". Como o governo já conta com sua fidelidade, não se esforça para agradar tanto quanto faz com as "amantes", ou seja, partidos que eventualmente votam com Bolsonaro mas não fazem parte de uma base aliada.
O mesmo jornal O Globo mostrou, na última sexta-feira, que o governo federal pagou R$ 2,1 bilhões a municípios através do Ministério da Saúde para honrar os acordos. Parlamentares do partido do presidente relatam, porém, que não receberam sua parte e que o centrão (DEM, PP, PL, SD, MDB) é que se beneficiou.
O assunto foi levantado em uma reunião nesta terça-feira com o ministro da Secretaria-Geral de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Deputados questionaram o tratamento preferencial dado a siglas de centro-direita. Ramos disse que o Ministério da Economia precisa aprovar o direcionamento da verba aos ministérios antes que ela seja liberada.
Leia também: Mesmo possuindo porte, Eduardo Bolsonaro não pode andar armado na Câmara
O ministro se justificou, ainda, esclarecendo que o acordo da Previdência foi feito no primeiro semestre por Onyx Lorenzoni , ministro da Casa Civil. Onyx não está mais incumbido da articulação política. Quando estava, prometeu até R$ 40 milhões neste ano a prefeituras indicadas por deputados que votassem a favor da reforma da Previdência.
A permanência de Delegado Waldir (GO) na liderança do partido da Câmara está sob risco. Um abaixo-assinado organizado por Felício Laterça (RJ) para pedir novas eleições na bancada já tem ao menos 20 assinaturas.
Em uma bancada de 53 deputados, há apenas 18 completamente favoráveis a Waldir, diz Bibo Nunes (RS), um dos que pleiteiam a substituição do líder.
Leia também: Governo e Flávio Bolsonaro são derrotados em CPMI das Fake News
A bancada do P SL na Câmara irá se reunir na noite de hoje e deputados prometem colocar uma possível troca de líder na mesa. Além do próprio Felício, Carla Zambelli (SP) é uma das cotadas pelos opositores de Waldir para assumir a liderança.