"Dodge estava na fita, mas teve problema", diz Bolsonaro sobre escolha para PGR

Presidente sinalizou que demissão de grupo de trabalho da Lava Jato influenciou em sua decisão para escolher Augusto Aras e não manter Dodge

Foto: Marcos Corrêa/PR - 29.8.19
Raquel Dodge durante cerimônia no Planalto com a presença de Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) sinalizou nesta quinta-feira (5) que cogitou reconduzir a procuradora-geral da República , Raquel Dodge, ao cargo, mas que desistiu após o  pedido de demissão coletiva do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com Bolsonaro, Raquel Dodge estava "na fita", mas "ontem teve o problema".  Bolsonaro indicou nesta quinta o subprocurador Augusto Aras para chefiar a PGR.

No pedido de demissão, os seis procuradores que faziam parte do grupo citam "grave incompatibilidade" com uma manifestação enviada por Dodge ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite da última terça-feira. Os procuradores não citam detalhes do motivo. De acordo com fontes que acompanham o assunto, a insatisfação se deve ao pedido de arquivamento de trechos da delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.

"Outros acusam um montão de coisa porque eu teria escolhido esse cara e não outro. A Raquel Dodge estava na fita, ontem teve o problema. Alguém viu o problema de ontem? Estava na fita. Não vou acusá-la de nada", afirmou Bolsonaro a apoiadores, ao chegar no Palácio da Alvorada.

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Dodge enviou a delação de Léo Pinheiro na terça-feira pedindo para homologar o acordo. A insatisfação, porém, se deveu ao fato de que a procuradora-geral pediu para arquivar preliminarmente trechos da delação que envolviam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ex-prefeito de Marília (SP) José Ticiano Dias Toffoli, irmão do presidente do STF, Dias Toffoli.

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Na proposta de delação, Léo Pinheiro diz ter feito doações oficiais e repasses via caixa dois a Maia em troca da defesa de interesses da OAS no Congresso. Já no anexo em que cita o ex-prefeito de Marília, Pinheiro o acusa de ter recebido caixa dois e propina.

Como o jornal O Globo mostrou em junho, Maia e Toffoli vinham defendendo nos bastidores a recondução de Dodge para mais um mandato à frente da Procuradoria-Geral da República. A procuradora-geral também articulava a tentativa de permanecer no cargo.