Filiados do Partido Novo
no Rio de Janeiro apresentaram um pedido para que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, seja suspenso da legenda. A representação, que será
avaliada pelo Diretório Nacional, é assinada pelo ex-candidato ao governo do Rio Marcelo Trindade, o deputado estadual Chicão Bulhões e Ricardo Rangel, que concorreu a deputado
federal.
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O texto encaminhado ao comando da sigla afirma que Salles
vem “desdenhando de dados científicos”, “revogando políticas públicas sem qualquer debate prévio” e “atuando com
absoluta irresponsabilidade”. Há ainda uma solicitação para que seja aberto um processo na comissão de ética do partido, que poderá resultar na expulsão. O Novo é presidido por
João Amoêdo, que foi candidato à Presidência no ano passado.
A informação sobre o pedido contra o ministro havia sido antecipada pelo colunista do jornal O Globo
, Lauro Jardim. Salles concorreu a deputado federal pelo Novo, mas não se
elegeu. No fim do ano passado, foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro
(PSL) para assumir o Ministério do Meio Ambiente
. Segundo o documento, a conduta dele tem causado
“dano grave” à imagem do partido e é contrária ao que a legenda defende na área ambiental.
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Em maio deste ano, o Novo aprovou uma resolução que determina a suspensão dos filiados que exercerem cargos de primeiro escalão sem a indicação do partido. É o caso de Salles,
mas a resolução tem efeitos apenas posteriores à data em que foi publicada. A representação pede que ele seja suspenso do partido liminarmente, antes mesmo de o pedido ser
julgado internamente.
“Anote-se que o ministro Ricardo Salles tem atuado com grande convicção na adoção de condutas divergentes com os programas do Partido Novo no tema ambiental, demitindo
profissionais qualificados, desdenhando de dados científicos e revogando políticas públicas sem qualquer debate prévio, aprofundado e responsável, reduzindo a capacidade de
interlocução do país com seus pares internacionais e atuando com absoluta irresponsabilidade. Isto, por si só, já constituiu violação dos princípios e valores do Partido Novo, que prega a atuação profissionalizada, e não politicamente motivada, dos agentes públicos”, diz a representação.
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O texto também cita a condenação de Salles por improbidade administrativa, em função do período em que foi secretário estadual do Meio Ambiente em São Paulo sob a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). O ministro recorreu da decisão. Procurado, via assessoria, para comentar a representação de filiados do partido Novo, ele não respondeu.