O procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol recusou, em 2016, receber um prêmio em um evento que teria o então candidato a presidência Jair Bolsonaro como principal palestrante, de acordo com conversas vazadas publicadas pelo portal UOL em parceria com o The Intercept .
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De acordo com as mensagens, Deltan havia aceitado comparecer ao evento, "Fórum Liberdade e Democracia", organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo, onde receberia o um prêmio como o nome de "Liberdade 2016". O hoje vereador Fernando Holiday (DEM-SP) também foi agraciado na premiação, que teve como palestrantes, além de Jair Bolsonaro , a hoje senadora Ana Amélia e o jornalista Leandro Narloch.
Duas semanas após confirmar em um grupo com colegas procuradores que compareceria ao evento, Dallagnol foi convencido por um de seus assessores, que teve o nome preservado pela reportagem, a não comparecer. "Por favor, repense", clamou o assessor. "A última coisa que você e a força-tarefa precisam é serem 'associados' ao Bolsonaro", argumentou.
Após conversar com o assessor, Deltan resolveu não aceitar o convite e disse que se comprometeria a reembolsar os custos e a enviar um ofício de agradecimento em nome da força-tarefa da Lava Jato . Ainda na mesma conversa, o procurador confessa estar "se sentindo mal com o cancelamento."
Horas, depois, no grupo dos procuradores, Dallagnol avisou aos colegas que cancelaria sua presença e que indicaria Roberto Livianu, do presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, ou a colega Thaméa Danelon para ocupar seu lugar. Livianu foi quem compareceu ao evento.
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Dois meses após o evento, Deltan voltou ao grupo dos procuradores para avisar os colegas que havia recebido o prêmio das mãos de Livianu. "Esse é aquele que ele nos representou quando cancelei a ida para São Paulo porque é um instituto liberal e estariam lá Bolsonaro e outros radicais de direita", escreveu o procurador.