O presidente da República, Jair Bolsonaro , afirmou neste domingo que cabe ao ministro da Economia, Paulo Guedes, definir se muda ou não o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ).
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No início da gestão atual, o órgão estava sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, e Sergio Moro colocou no cargo Roberto Leonel, que foi chefe de inteligência da Receita Federal em Curitiba por 22 anos e atuou na Lava-Jato. O Congresso, porém, optou por devolver o Conselho à área econômica. Bolsonaro disse que Guedes tem carta branca para decidir sobre o tema.
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"Eu dei carta branca a todos os ministros para, vamos assim dizer, indicar as pessoas e o poder de veto. O Coaf, na medida provisória da reestruturação estava com a Justiça. A partir do momento em que vai para a Economia, é o Paulo Guedes quem define. Ou alguém está desconfiando do Paulo Guedes agora aí? Qualquer um que quiser mudar qualquer coisa, muda sem problema nenhum ", disse o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã deste domingo.
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Leonel afirmou em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo" que o combate à lavagem de dinheiro fica prejudicado com a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de suspender investigações que se apoiem em informações bancárias e fiscais compartilhadas por órgãos de controle sem autorização judicial.
A decisão ocorreu a pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, que desejava paralisar investigações em andamento no Rio contra o parlamentar. O jornal "Folha de São Paulo" afirma que há uma pressão do Palácio do Planalto para que Guedes promova a troca no comando do Coaf.
Bolsonaro comentou também neste domingo as declarações duras do ministro Celso de Mello durante o julgamento que impediu o governo de retirar da Fundação Nacional do Índio (Funai) as atribuições sobre demarcações de terras indígenas.
Celso afirmou que Bolsonaro fez uma "transgressão" à Constituição ao insistir no tema por Medida Provisória mesmo depois de o Congresso ter rejeitado a medida. O presidente repetiu nesse domingo que reconhece ter havido um erro no episódio, mas disse ter ficado "chateado" com as palavras do ministro.
"Eu já falei que me equivoquei na questão da medida provisória. Foi um assessor que fez, mas eu trago para a minha culpa. A responsabilidade é minha. Eu achei que ele (Celso de Mello) foi muito para o lado pessoal. Tô chateado? Tô, porque ele foi muito para o lado pessoal. Agora, ele é o autor da decisão do Supremo de tipificar a homofobia como se racismo fosse", disse.
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"Eu entendo que esse tipo de decisão, que trata da questão penal, quem tem de definir é o Congresso Nacional, com todo respeito que tenho aos ministros do Supremo. Vou continuar respeitando todos eles. Em algumas decisões, fico chateado, mas fico quieto, na minha. Até porque não posso criticar decisões de um poder ou de outro. Eu tenho que acolher para a gente poder viver em harmonia. Essa é a minha intenção: vivermos em harmonia - disse o presidente", finalizou.