Na noite da última quarta-feira (10), ocorreu na Câmara a votação do texto da reforma da Previdência. Com uma margem maior do que a esperada pelo governo, o projeto acabou sendo aprovado, para o descontentamento de diversos parlamentares, como Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, que viu alguns dos deputados de seu partido se posicionarem a favor do tema.
Entre os favoráveis à reforma, estava Tabata Amaral (PDT-SP), que se destacou desde o início do mandato e chamou atenção dentro e fora do mundo político. Com isso, o posicionamento contrário ao do PDT fez com que ela ganhasse atenção na mídia e provocasse discussões intensas entre seus correligionários.
Em entrevista à coluna Base, do Jornal O Dia , Lupi afirmou que não pretende deixar o caso passar em branco e que não apenas Tabata, mas como todos os deputados que votaram pelo 'sim' na reforma devem sofrer punições, que podem variar desde punições mais brandas até a expulsão do partido.
"Vamos abrir um processo disciplinar através da Comissão de Ética do partido , que vai ouvir a justificativa de cada um deles. Depois, será apresentada a avaliação, com punição ou não, do que eles sugerem que aconteça com cada deputado. Só então o Diretório Nacional será convocado para uma definição, o que deve levar de um mês e meio a dois", disse Lupi.
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Ele revela que tentou dissuadir os deputados do voto contrário , explicando os problemas que a aprovação da reforma poderia trazer ao país, e que a decisão pelo 'sim' foi um fato grave, uma vez que vai contra ao que foi decidido na convenção nacional no último dia 18 de março.
Futuro de Tabata
Especificamente sobre a deputada, Lupi disse que vê a decisão como falta de experiência e imaturidade, mas que não deixará que o PDT pague por isso: "Fazer ela de Cristo ou de vítima, para colocar o partido como algoz... Eu estou velho para isso. Nessa eu não caio. Já estamos tão desmoralizados, se isso passar em branco, se não acontecer nada, aí é muito ruim".
Ele afirmou ainda que existia, sim, o objetivo de colocar Tabata como possível candidata à Prefeitura de São Paulo
nas próximas eleições, mas que o episódio pode fazer com que a ideia seja descartada. Entretanto, disse que vai avaliar bem o caso para evitar que uma expulsão possa prejudicar o partido.
"Hoje, alguns desafiam para ser expulsos por causa do parecer no Supremo que diz que, quando o deputado sofre expulsão, o partido não pode pedir o mandato de volta. Tudo isso vamos pesar, porque ninguém aqui é bobo", garantiu Lupi.
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Por fim, ele ainda fez questão de ressaltar que tem origem "tão ou mais humilde" do que a deputada e que o PDT não irá acabar se ela sair: "O partido, a instituição, é mais forte que as pessoas. Quando as pessoas acham que elas são mais fortes que as instituições, tem alguma coisa errada. As instituições são perenes, as pessoas são passageiras".