Raquel Dodge não comparece a último debate para lista tríplice na sede da PGR
José Cruz/ABr
Raquel Dodge não comparece a último debate para lista tríplice na sede da PGR

O último debate entre os procuradores que buscam um lugar na lista tríplice para o cargo de procurador-geral da República foi marcado pela ausência completa da atual detentora do cargo, Raquel Dodge , e dos integrantes de seu gabinete.

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O debate ocorreu na manhã desta sexta-feira no auditório do Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF), na cobertura do bloco A da sede da Procuradoria-Geral da República (PGR). No mesmo andar e bloco, a poucos metros do auditório, fica o gabinete de Dodge , que se movimenta para ser reconduzida ao cargo fora da lista tríplice.

 A lista é organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e encaminhada ao presidente da República, que tem a atribuição constitucional de indicar o procurador-geral. Jair Bolsonaro ainda não disse se vai seguir a tradição da lista, levada em conta em todos os governos de Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Não há previsão legal para a lista tríplice, sendo apenas uma tradição. Na próxima terça-feira, cerca de 1,2 mil procuradores da República vão votar para indicar os três nomes da lista. Dodge corre por fora.

O nome da procuradora-geral não foi citado nas três horas de debate, que esteve esvaziado a maior parte do tempo. Poucos procuradores da República, procuradores regionais e subprocuradores-gerais compareceram ao auditório que fica a poucos metros do gabinete de Dodge.

Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo no último domingo revelou a divisão existente no gabinete da procuradora-geral: os integrantes da área criminal, que são procuradores ou procuradores regionais, não defendem uma via fora da lista tríplice; já subprocuradores-gerais, como o vice-procurador-geral, Luciano Mariz Maia, e o vice-procurador-eleitoral, Humberto Jacques, apontam vícios na disputa e defendem a conduta de Dodge.

Mesmo sem ser citada no último debate, a procuradora-geral foi alvo indireto de falas dos candidatos — nove dos dez candidatos participaram das discussões. Eles criticaram o que consideram uma falta de diálogo no MPF e reconheceram que a instituição passa por uma crise. A divisão existente hoje é sem precedentes.

"Para ser PGR, é preciso ter legitimidade interna" opinou o subprocurador-geral Níveo de Freitas, o primeiro a ser questionado sobre a importância da lista tríplice.

"A história da lista tríplice é bonita, não se trata de algo corporativista. Ela afere os interesses mais republicanos do Ministério Público", afirmou o procurador regional Vladimir Aras.

Para o procurador regional Lauro Cardoso, existe um "déficit imenso " de diálogo dentro do MPF, o que prejudica a atuação do órgão, segundo ele. A mesma opinião tem o procurador regional Blal Dalloul, para quem falta "diálogo e transparência" dentro da instituição.

"Eu sempre dialoguei. Isto é importante especialmente agora, neste momento de grande desunião e verdadeira crise, disse o subprocurador-geral Mário Bonsaglia.

A subprocuradora-geral Luiza Frischeisen fez uma defesa da lista tríplice:"A procuradora-geral deve ser a primeira porta-voz em momentos de crise. E a lista é uma forma de diálogo com o presidente e o Congresso", disse.

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Os nove candidatos presentes não falaram no debate sobre as trocas de mensagens entre o então juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. As mensagens foram reveladas pelo site "The Intercept" e mostram como o juiz interferiu em atos da força-tarefa.

O assunto só foi tratado por parte dos candidatos depois, ao serem questionados pelos jornalistas. O procurador regional José Robalinho disse não ver "nenhuma gravidade" no teor das mensagens. Ele presidiu a ANPR até se candidatar a uma vaga na lista tríplice. Aras, por sua vez, defendeu que se identifique o "autor da espionagem digital" usada para "atacar a Lava-Jato".  

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