O presidente Jair Bolsonaro reafirmou, em entrevista ao jornal argentino La Nación publicada neste sábado, que se o filho o senador Flávio Bolsonaro tiver cometido alguma irregularidade, ele deve pagar por isso. O presidente, no entanto, ressaltou que confia em Flávio e que o ex-assessor Fabrício Queiroz precisa se explicar melhor.
“Se fez algo mau, tem que pagar. Mas tenho confiança que ele não fez nada de mau. Por outro lado, Fabricio Queiroz, um ex-subtenente da Polícia Militar que eu conheço desde 1984. Foi um soldado da Brigada Paraquedista, meu soldado”, disse Bolsonaro .
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Ao ser perguntado sobre se está decepcionado com Queiroz , Bolsonaro respondeu: “Sim. Pelas coisas que tenho ouvido dele. Ele tem que se explicar. Tem que ser ouvido”. O Presidente disse ainda que o objetivo das denúncias contra o filho é desgastar o governo. E admite que funciona: “Agora, por que interessa atacar meu filho? Me desgasta. Não há dúvidas de que me desgasta. Mas meu filho responde por seus atos e está pronto para dar explicações. Até hoje não foi convocado a fazer”, completou.
Convidado, Flávio Bolsonaro não prestou esclarecimentos. Ele e seu ex-assessor Fabrício Queiroz são investigados por suspeita da chamada “rachadinha”, prática de devolução dos salários de funcionários do gabinete parlamentar para beneficiar o político. A investigação começou após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrar movimentação financeira atípica de Queiroz. Os dois tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça.
O Ministério Público do Estado do Rio aponta indícios da existência de uma “organização criminosa” no gabinete do então deputado estadual para desviar recursos públicos desde 2007. De acordo com o MP, Flávio nunca foi prestar esclarecimentos aos promotores, apesar de já ter sido convidado.
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Em nota divulgada em maio para rebater declaração do senador sobre a quebra de sigilo, o MP comparou a postura do parlamentar com a de seus pares, também citados em relatórios do Coaf.
“O referido parlamentar não adota postura similar à de outros parlamentares, prestando esclarecimentos formais sobre os fatos que lhe tocam e, se for o caso, fulminando qualquer suspeita contra si. O Senador é presença constante na imprensa, mas jamais esteve no MPRJ, apesar de convidado”. Flávio Bolsonaro também já entrou com pelo menos três ações na Justiça para tentar barrar as investigações .