Bolsonaro reclama de STF 'legislando' e sugere nomeação de ministro evangélico
Em evento da Assembleia de Deus em Goiânia, presidente reclamou de julgamento do STF sobre homofobia e parafraseou Damares: "O Estado é laico, mas eu sou cristão"; ministra celebrou "novo momento para o Brasil"
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) questionou, nesta sexta-feira (31), se não é hora de o Brasil ter "um ministro declaradamente evangélico" no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a Convenção Nacional das Assembleias de Deus Madureira, em Goiânia , o presidente criticou a possibilidade de o STF enquadrar a homofobia como crime de racismo.
Bolsonaro disse que os ministros do Supremo, ao tratarem do tema, "ao que parece, estão legislando". Já há maioria no STF a favor da criminalização da homofobia , mas o julgamento foi interrompido e deverá ser retomado na semana que vem.
"O Supremo Tribunal Federal agora está discutindo se homofobia pode ser tipificada como racismo. Desculpem, ministros do Supremo Tribunal Federal, a quem eu respeito, e jamais atacaria um outro Poder. Mas, ao que parece, estão legislando. O Estado é laico, mas eu sou cristão. Como todo respeito ao Supremo Tribunal Federal, existe algum, entre os 11 ministros, evangélico, cristão assumido? Não me vem à imprensa dizer que quero misturar Justiça com religião. Será que não está na hora de termos um ministro do Supremo Tribunal Federal evangélico? — questionou.
A frase "o Estado é laico, mas eu sou cristão" remete a declaração da ministra dos Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves ("Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã"). A ministra, que está em Buenos Aires para reunião do Mercosul, usou as redes sociais para celebrar o pronunciamento do presidente aos evangélicos. "É um novo momento para o Brasil", escreveu Damares .
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Ainda nesta quinta-feira, Bolsonaro retorna a Brasília, onde terá reuniões com o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, e com o advogado-geral da União, André Luiz de Almeida. O presidente também tem reunião com o ministro da Educação , Abraham Weintraub. O encontro ocorre no dia seguinte às manifestações que ocorreram em mais de 100 cidades de todo o País contra cortes no MEC.