O Palácio do Planalto amanheceu nesta segunda-feira (27) ainda sob o clima de otimismo após os atos de domingo, ocorridos em 156 cidades de todos os 26 estados e do Distrito Federal, em favor das medidas do governo Jair Bolsonaro. A avaliação de alguns dos principais auxiliares do presidente é de que as ruas deram o recado ao Congresso. Segundo esses assessores, os protestos indicaram que um conflito com o Executivo seria um risco ao futuro político dos parlamentares.
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Para os auxiliares de Bolsonaro , mesmo que alguns congressistas "dobrem a aposta" contra o governo, o momento favorece que deputados e senadores "se adequem" e sigam o Executivo nas próximas votações. Por outro lado, ainda paira um suspense sobre como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, reagirá.
Maia foi um dos mais atacados nos protestos pró-governo. O saldo dos atos de domingo já fez com que grupos pró-governo articulem uma nova manifestação no dia 30 de junho. Em conversas via WhatsApp, os grupos ameaçam fazer um protesto com a participação dos caminhoneiros caso o Congresso não coloque em votação a proposta da reforma da Previdência e do pacote anticrime apresentado pelo ministro Sergio Moro.
Eles também não descartam fazer nas ruas uma "guerra de atos": a cada manifestação contra medidas do governo, prometem fazer outra a favor para blindar Bolsonaro. Um auxiliar palaciano, com acesso direto ao presidente, descreveu Bolsonaro "radiante e energizado" diante das manifestações de apoio.
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Embora o presidente, os filhos e ministros tenham saudado os atos nas redes sociais, o Planalto vai seguir reforçando o discurso de que as manifestações são espontâneas e apenas fazem a defesa da reforma da Previdência e do pacote anticrime. A partir disso, a participação de Bolsonaro em um próximo protesto não está cogitada.
Em entrevista à TV Record, na noite de domingo, Bolsonaro defendeu o presidente da Câmara. Segundo ele, tanto Maia como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, querem tocar adiante propostas como a reforma da Previdência e o pacote anticrime.
"Temos conversado, não com a frequência que nós queremos, mas vai indo bem. O Rodrigo Maia é uma pessoa diferente de mim. O que eu falo, os ministros cumprem aquele objetivo, mas ele não tem esse poder dentro da Câmara, porque cada partido tem uma direção. Ele é uma pessoa importante e acredito que esteja fazendo a sua parte dentro da Câmara", disse o presidente.
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"Vou conversar com o Rodrigo Maia durante a semana novamente, bem como o Davi Alcolumbre e com o Dias Tofolli (presidente do Supremo Tribunal Federal), para fazermos um pacto entre nós pelo Brasil", completou.