Ex-comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas deixou o cargo em janeiro deste ano
Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil
Ex-comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas deixou o cargo em janeiro deste ano

O ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que é visto hoje como um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, já havia quebrado o silêncio nesta segunda-feira (6), sobre as críticas do filósofo Olavo de Carvalho aos militares. No Twitter, Villas Bôas chamou o chamado guru do presidente Jair Bolsonaro de "Trótski de direita" . Agora, ele veio ao público nesta terça-feira (7), com novas considerações sobre o filósofo. 

"Ele está prestando um enorme desserviço ao País. Em um momento em que precisamos de convergências, ele está estimulando as desavenças", disse Villas Bôas. "Às vezes, ele [ Olavo de Carvalho ] me dá a impressão de ser uma pessoa doente, que se arvora com mandato para querer tutelar o País", continuou o general.

As declarações do militar foram dadas em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo , que foi publicada na edição de hoje. Na conversa, o general diz que Olavo "passou do ponto", está agindo com "total desrespeito aos militares e às Forças Armadas " e que, rebatê-lo, seria "dar a ele a importância e a relevância que não tem e não merece".

Villas Bôas , que está na reserva e exerce o cargo de assessor especial do ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), diz ainda que as Forças Armadas não estão necessariamente participando do governo, mas trazendo consigo seus valores. 

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"Bolsonaro entendeu que trazer militares para trabalhar em setores do governo seria uma cooperação importante para o restabelecimento da capacidade de gestão e a busca de combate à corrupção", diz. "Isso não significa que as Forças Armadas estão participando do governo, mas trazendo consigo seus valores", afirma.

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"Portanto, os militares exercem uma natural influência que contribui para a estabilidade do País e do governo. Talvez por isso, o sr. Olavo de Carvalho se sinta desprestigiado e queira disputar espaço com os militares, junto à Presidência da República", analisa o general, que pontua: "Isso não dá direito a ele de traçar comentários desairosos a toda uma classe profissional, que representa uma instituição".

Ainda segundo o militar , Bolsonaro teria expressado descontentamento com Olavo. "O presidente não me disse diretamente, mas soube que ele já expressou o seu descontentamento com as posturas do sr. Olavo", disse. "O presidente Bolsonaro tem uma personalidade bastante independente na sua maneira de ser. Ele interage com seus assessores, se orienta e se aconselha pelas observações que lhes são apresentadas. Ele sempre foi assim".

Por fim, perguntado sobre a hipótese, defendida por Olavo, de que os militares tenham a intenção de tomar o controle do País, o general chegou a se exaltar. "Isso é uma inverdade que beira o ridículo. Não passa na nossa maneira de pensar algo desse tipo, porque seria uma deslealdade com o presidente e a lealdade é o valor que os militares tomam como religião".

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"O general Mourão, a quem conheço com profundidade, tampouco se prestaria a participar desse tipo de articulação", disse o general, rechaçando por completo a tese de Olavo de Carvalho .

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