Relatora de projeto de Moro defende crimes comuns fora da Justiça eleitoral

Deputada vai conversar com ministro nesta sexta-feira sobre ritmo de tramitação, já que Câmara está voltada para a reforma da Previdência

Proposta de Sérgio Moro faz ainda duas modificações no Código Eleitoral
Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Agência O Globo
Proposta de Sérgio Moro faz ainda duas modificações no Código Eleitoral

A deputada Bia Kicis(PSL-DF) afirmou que vai endossar o texto apresentado à Câmara pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendendo que os crimes comuns cometidos em campanhas eleitorais sejam julgados por juízes estaduais ou federais e saiam da esfera da Justiça Eleitoral.

A parlamentar foi escolhida relatora na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da proposta que torna explícita a separação, parte do pacote anticrime apresentado por Moro . Como a Câmara está voltada para a análise da reforma da Previdência, ainda não há uma definição sobre o ritmo de tramitação da proposta, que deve gerar um novo foco de embates entre governo e oposição.

A deputada afirmou que vai se reunir com o ministro nesta sexta-feira para avaliar a estratégia. Propostas semelhantes às de Moro foram apresentadas por senadores, portanto há projetos referentes ao pacote anticrime em andamento nas duas casas legislativas.

O texto de Moro propõe uma alteração no Código de Processo Penal, adicionando ao texto a ressalva de que, quando houver “concurso entre a jurisdição comum e a eleitoral”, os diferentes crimes em questão podem ser analisados em esferas diversas. A proposta faz ainda duas modificações no Código Eleitoral, com o mesmo intuito.

Em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal ( STF ) referendou o entendimento de que os crimes comuns que tenham conexão com os delitos eleitorais devem ser julgados na Justiça Eleitoral . Investigadores da Operação Lava-Jato criticaram a decisão, que, para eles, enfraquece o combate à corrupção, porque a Justiça Eleitoral não teria estrutura para avaliar casos complexos envolvendo lavagem de dinheiro, por exemplo. Bia Kicis também defende que o melhor caminho é a separação.

"Acho que a decisão do Supremo foi interpretação equivocada do texto (da lei). A Justiça Eleitoral não tem estrutura, condições de julgar crimes comuns. Foi feita para julgar questões meramente eleitorais, de menor complexidade. Ela funciona bem nesse sentido, mas ao trazer os crimes comuns, você traz toda uma nova complexidade para esse juízo", avalia a deputada.

Com as atenções voltadas para a Previdência, a deputada ainda analisa o melhor momento para ampliar os debates e levar o projeto para votação.

"O pacote anticrime está correndo no Senado também, porque houve um entendimento de que, enquanto a Câmara se debruçava sobre a reforma previdenciária, o senado começaria a trabalhar o pacote anticrime. Não quero que isso interfira no andamento da reforma previdenciária, mas isso não impede que a gente comece a se debruçar sobre esse projeto na CCJ. Mas, se vai ser mais célere ou menos célere, é uma coisa que ainda vou conversar com o ministro (Moro)", disse.