Levantamento feito pelo jornal O Globo nos perfis das redes sociais de Carlos Bolsonaro mostra que 58% das publicações do filho do presidente desde domingo (21), quando começaram os ataques, são críticas ao vice-presidente Hamilton Mourão ou comentários sobre a repercussão do caso. No Twitter, são 53% dos post. Já no Facebook e Instagram, onde as postagens, normalmente, são replicadas, as porcentagens são de 66% e 57% respectivamente.
Desde que compartilhou um vídeo do ideológo de direita Olavo de Carvalho com críticas a militares publicado no canal do Youtube do presidente Jair Bolsonaro no domingo — posteriormente apagado —, o vereador Carlos Bolsonaro partiu para o ataque frontal contra o vice-presidente Hamilton Mourão em suas redes sociais.
O embate entre Carlos Bolsonaro e Mourão começou após o vice-presidente comentar na segunda-feira, dois dias após a publicação do vídeo de Olavo, as críticas a militares que integram o governo e a escolas geridas pelas Forças Armadas . Mourão ironizou o desafeto e disse que ele deveria se ater à função de astrólogo. No mesmo dia, o presidente Bolsonaro, também seguidor de Olavo, chegou a divulgar nota dizendo que declarações recentes de Olavo não contribuíam para os objetivos do governo .
As publicações começaram no Twitter: de 28 tuítes feitos desde domingo, 15 são contra o vice ou sobre a crise que se instalou após os comentários. É lá onde os comentários de Carlos são publicados primeiro. Depois, as publicações são replicadas no Facebook e, por vezes, no Instagram.
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O primeiro tuíte crítico ao vice foi uma reprodução de uma curtida do perfil oficial de Mourão no Twitter a uma postagem da jornalista Rachel Sherehazade em que ela o elogiava e criticava Bolsonaro, Carlos pediu que seus seguidores se atentassem a quem curtiu. "Um é o vinho, o outro vinagre", escreveu a âncora do SBT Brasil . A mesma curtida embasou um pedido de impeachment apresentado na semana passada contra o vice-presidente pelo deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP).
No Facebook, a porcentagem de críticas é ainda maior: 66%. E no Instagram, a média não é muito diferente, 57% dos posts.
A primeira postagem de Carlos com um ataque direto contra Mourão foi feita na manhã de terça-feira. O segundo filho mais velho do presidente postou a tradução do que, nas palavras dele, "parece ser” convite para conferência do vice-presidente, promovida pelo Brazil Institute (Instituto Brasil) do Wilson Center e realizada no último dia 9, em Washington. A reportagem confirmou que o texto corresponde ao original.
A mensagem aponta que os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro foram marcados por uma "paralisia política" causada pelo próprio presidente e seu círculo mais próximo e destaca Mourão como uma "voz da razão e moderação", capaz de prover direcionamento em assuntos domésticos e exteriores.
Com a escalada da crise, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros , se pronunciou e disse que o presidente queria colocar um "ponto final" naquilo que o Planalto classificou como uma "pretensa discussão" entre os dois.
O vereador ignorou o pedido do pai , e voltou a atacar Mourão por adotar posicionamentos públicos em sentidos diferentes dos escolhidos pela Presidência . Carlos listou três casos diferentes em que isso aconteceu: diante da redução da pena do ex-presidente Lula, da renúncia do ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e da tentativa do ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni de "despetizar" o quadro de funcionários da pasta.