
O plenário da Câmara dos Deputados voltou a ser palco de confusão entre parlamentares nesta quarta-feira (24). Durante sessão para votar projetos sobre a anistia a partidos políticos que descumpriram com a regra para candidaturas femininas, a discussão sobre as estratégias do governo para aprovar a reforma da Previdência veio à tona e o tempo fechou.
O tumulto teve origem em reportagem publicada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo , segundo o qual o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) se comprometeu a liberar R$ 40 milhões em verbas para emendas parlamentares àqueles que apoiarem o pacote de alterações nas regras para a aposentadoria. O acordo, ainda segundo o jornal, teria se dado em reunião na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados , Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O primeiro a tocar no assunto foi o deputado Glauber Rocha (PSOL-RJ). “Deputado que votou ontem já está sentindo o peso dos seus eleitores que não concordam que suas aposentadorias sejam retiradas”, afirmou Rocha, citando a votação que sacramentou a primeira vitória do governo em relação à reforma da Previdência , na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O governista Carlos Jordy (PSL-RJ) rebateu. “O deputado tem de se preocupar com a sua própria base em vez de fazer ataques sujos. Votamos pelo Brasil e, por isso, votamos a favor da Previdência”, assegurou.
O clima esquentou mesmo quando o deputado Aliel Machado (PSB-PR) tomou a palavra e acabou interrompido a gritos de "vagabundo".
"O governo ofertou R$ 40 milhões para comprar votos. O governo está ofertando cargos. O governo está acertando os deputados. Essa conversa aconteceu em reunião na casa do presidente. Estão se vendendo. Nós não vamos aceitar", dizia Aliel.
"Não nos meça pela sua régua", gritava o deputado José Medeiros (Podemos-MT), integrante da base aliada do governo. Em seguida, o deputado tentou arrancar o microfone das mãos de Aliel e teve início um empurra-empurra no plenário.
Os microfones foram desligados durante a confusão e a sirene foi acionada para que os parlamentares corrigissem a postura – o que não se deu de imediato.
Assista ao vídeo da confusão na Câmara dos Deputados:
Após a confusão, o deputado Carlos Jordy pediu a palavra para rebater as afirmações de que o governo teria apromovido o que é conhecido no meio político como 'toma lá, dá cá'. "Se há algum recebimento de recursos para votar a favor da reforma da Previdência, que se prove. Porque nenhum de nós recebemos um centavo por isso", assegurou o governista.
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O líder do PRB, deputado Jhonatan de Jesus (RR), assegurou que não participou de reunião sobre o suposto acerto do governo para aprovar a reforma na Câmara . “A matéria fala de 'líderes', mas eu não fui consultado”, declarou.
*Com informações da Agência Câmara