Joice Hasselmann é líder do governo no Congresso Nacional e pediu apuração sobre denúncia da colega de partido
Najara Araújo/Câmara dos Deputados
Joice Hasselmann é líder do governo no Congresso Nacional e pediu apuração sobre denúncia da colega de partido

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso, disse neste domingo (14) que “todas as providências cabíveis” devem ser tomadas se forem confirmadas as  acusações da deputada Alê Silva (PSL-MG) contra o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo , Joice afirmou que não conhece todos os detalhes da denúncia de ameaça contra a colega de partido, “nem se de fato ela existe ou não”. “Porém, se o relato for real, todas as providências cabíveis devem ser tomadas, tanto as políticas, quanto as jurídicas. Ameaça a qualquer ser humano é crime. A um parlamentar, é crime contra democracia”, disse a deputada ao jornal.

Neste sábado, Alê Silva acusou o ministro do Turismo de ameaçá-la de morte em duas ocasiões, com transmissão do recado sobre a ameaça por parte de políticos do PSL, partido de ambos. Alê fez a acusação em entrevista ao jornal  Folha de S. Paulo .

Depois da publicação da reportagem com a acusação de ameaça de morte, a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) cobrou em sua conta no Twitter a demissão do ministro. Janaina é uma das principais aliadas de Bolsonaro. Ela quase esteve na chapa do presidenciável no ano passado como candidata a vice-presidente. 

“Todo meu apoio à deputada federal Alê Silva. E agora, Presidente? O ministro do Turismo fica? A deputada federal eleita também estaria mentindo? Exijo a demissão do ministro! Não tem que esperar conclusão de inquérito nenhum”, escreveu Janína

Segundo Alê, Janaina e o deputado federal Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) foram os únicos que ligaram para falar sobre a acusação de ameaça de morte, até o meio da tarde de sábado. Janaina, para “dar forças e apoio moral”, conforme a deputada. Freitas, que é relator do projeto da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), “querendo entender melhor a situação”.

Em entrevista ao GLOBO, a deputada reiterou a mesma denúncia, disse que o ministro comunicou por via indireta sentir “ódio mortal” por ela e afirmou já ter sido xingada por Álvaro em ligação feita na madrugada. Segundo Alê disse ao GLOBO na tarde deste sábado, o ministro “usa” o presidente Jair Bolsonaro, que resiste em demiti-lo do cargo. 

"Eu de fato me sinto ameaçada, pelos últimos acontecimentos. Ele (o ministro) não fala diretamente comigo. Essas pessoas não usam mais telefone, têm medo de estar grampeadas. Então mandam interlocutores. Um viajou 216 quilômetros para me falar pessoalmente, pedir para eu não levar adiante mais nada, que o ministro já estava ciente que fui eu que entreguei informações para denúncia ao Ministério Público. E que ele estava com ódio mortal de mim, que se eu soubesse de mais alguma coisa, que era para eu ficar quieta", afirmou a deputada à reportagem.

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Segundo a acusação feita por Alê, que está em seu primeiro mandato na Câmara, a ameaça feita pelo ministro do Turismo é uma reação às acusações relacionadas a um  suposto esquema de candidaturas laranjas de mulheres pelo PSL.

A deputada reuniu informações sobre o caso e entregou a uma associação de sua região, para que fossem repassadas ao Ministério Público. O incômodo do ministro diz respeito a essa iniciativa, conforme a parlamentar. O titular do Turismo comanda o PSL em Minas.

O ministro do Turismo disse que a deputada move uma “campanha difamatória” contra ele, em razão da disputa pelo controle de diretórios municipais em suas bases eleitorais em MG. À reportagem da Folha, o ministro disse que ameaças e agressões “não têm nenhuma correspondência com a minha história de vida”.

As acusações da deputada do PSL são motivadas por uma “frustração pessoal”, segundo o ministro, uma vez que sua ida para o ministério levou à convocação do suplente Enéias Reis (PSL-MG), garantindo ao suplente a prerrogativa de compor os diretórios do PSL nas cidades da região.

A Polícia Federal (PF) passou a investigar um suposto esquema de candidaturas laranjas do partido no estado. Bolsonaro já declarou que vai aguardar a conclusão do inquérito para tomar uma decisão sobre a permanência ou não de Álvaro no ministério.

Feliz em ser expulsa

Alê afirmou à reportagem já ter sido xingada pelo ministro numa ligação telefônica. "Teve uma noite que ele ligou aqui em casa, já era 0h13, para me xingar, porque me queixei de Robertinho Soares (ex-assessor de Álvaro), sobre mantê-lo no diretório do partido, mesmo todo enrolado. Ele me xingou, falou que eu não tinha nada a ver com isso."

A deputada disse que ficaria feliz se a expulsassem do PSL. "Não posso sair do partido, senão perco o mandato. Se acaso eles me expulsarem, confesso que no fundo eu ficaria feliz."

Alê afirmou que não se ressente do fato de Bolsonaro manter Álvaro no cargo. Para ela, o presidente é tão “enrolado” pelo ministro quanto ela foi até então.

"Ele simplesmente nos usou para fazer a campanha dele. E ele usa o  Bolsonaro  também. Espero que o presidente acorde a tempo e identifique essa pessoa que está ao lado dele, que não gosta dele, que só está usando ele. Para mim, ele está sendo tão enrolado pelo ministro quanto eu fui um dia. Só que eu acordei a tempo."

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