No mesmo dia que indicou que pensa em demitir o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, o presidente Jair Bolsonaro pregou o paciência com Marcelo Álvaro Antônio, titular da pasta do Turismo.
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Marcelo Álvaro Antônio é acusado de liderar um esquema de candidaturas laranjas nas eleições em Minas Gerais. De acordo com Bolsonaro , no entanto, as investigações são preliminares e não se pode punir o ministro sem provas. "O que acertei com todos os ministros desde o começo, conversei também com o ministro Sergio Moro, é que, em havendo um final de um inquérito, uma conclusão com provas robustas, conclusão final do inquérito, toma a decisão", explicou o presidente.
Ele ainda acrescentou que não "era hora" de pensar em uma possível saída de Marcelo Álvaro Antônio e disse que também já foi acusado sem provas. "Eu já fui acusado de quantas coisas, meu Deus do céu? Acho que só de corrupção eu não fui acusado até hoje. O resto, misógino, racista, fascista, homofóbico, xenófobo, tudo que se possa imaginar. Sou réu no Supremo numa ação que, pelo amor de Deus, né, mas tudo bem. Faz parte da vida", exemplificou.
Entenda a acusação contra o Ministro do Turismo
Marcelo Álvaro Antônio foi denunciado pela terceira vez por uma suposta candidata laranja do PSL em Minas Gerais. A denunciante da vez é Adriana Moreira Borges, que concorreu ao cargo de deputada federal pelo partido nas eleições de 2018. As informações são do Jornal O Globo , que entrevistou a candidata no mês passado.
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Adriana, que teve 11.830 e não foi eleita, acusa o ministro do Turismo de condicionar o repasse da verba parlamentar de campanha, que era de R$ 100 mil, à devolução de R$ 90 mil para o partido em nove cheques em branco assinados. Ela afirma ter sido instruída por Roberto Silva Soares, ex-assessor do gabinete de Álvaro Antônio na Câmara dos Deputados e atual primeiro-secretário do diretório do PSL em Minas.
"Perguntei [a Roberto Soares] do fundo partidário. Foi quando ele me fez uma proposta para que eu recebesse R$ 100 mil. Ficaria com 10% para minha campanha e assinaria cheques em branco para que ele pudesse, com os R$ 90 mil restantes, pagar a campanha de outros candidatos.", explicou.
Antes, outras duas candidatas já haviam denunciado o agora ministro. Em fevereiro, Cleuzenir Barbosa dissa ao jornal Folha de São Paulo que Marcelo Álvaro Antônio sabia do esquema de candidaturas laranjas.
“Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles”, disse. Ela ainda acusou assessores do ministro de ameaça.
"Me mudei [para o exterior] exclusivamente por causa dessa situação. Peço para as mulheres que denunciem. Não fiquem caladas, se exponham, sim. Eu vou entrar com pedido de proteção à vítima. Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma quadrilha de bandidos."
Já no dia 7 de março, também em entrevista para a Folha de São Paulo , foi a vez de Zuleide Oliveira, de 49 anos e moradora da cidade de Santa Rita de Caldas denunciar o ministro. Ela foi inscrita para disputar uma vaga como deputada estadual, mas teve a candidatura impugnada por ser ficha suja.
De acordo com Zuleide, ela chegou a se reunir com o agora ministro, seus assessores e outros membros do PSL, que prometeram que cuidariam das contas da campanha com o dinheiro do fundo partidário. A mulher afirma que não sabe quanto dinheiro foi depositado para sua candidatura, pois o controle da conta bancária ficou com dirigentes do partido.
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"Eu não entendia de nada, eles que fizeram tudo [para registrar a candidatura], eu não tirei uma certidão minha, eles tiraram por lá, eu só enviei meu documento e eles fizeram tudo. Acredito, sim, que fui mais uma candidata laranja, porque assinei toda a documentação que era necessária e não tive conhecimento de nada que eu estava fazendo", disse Zuleide, que ainda afirmou que o PSL a "usou para fazer lavagem de dinheiro".
Uma outra reportagem da Folha de São Paulo revelou que o ministro teria repassado verbas de campanha a quatro possíveis candidatas laranjas de Minas Gerais. Os repasses também teriam sido autorizados pelo ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno , que acabou sendo exonerado do cargo de secretário-geral da Presidência porJair Bolsonaro.