Ciro diz que Bolsonaro "inventa teses" para desviar o foco de outros assuntos
De acordo com o político, o presidente está muito bem orientado sob o ponto de vista da "marquetagem" e a esquerda "cai como um patinho" na estratégia
Por iG São Paulo |
Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2018, criticou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por suas declarações polêmicas, como a fala de que o nazismo é um fenômeno "de esquerda" e as recentes críticas ao IBGE. Para o político, o presidente "inventa teses" para desviar o foco de outros assuntos que podem causar fragilidades ao governo.
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"Tenho uma tese de que o Bolsonaro está muito bem orientado sob o ponto de vista da marquetagem. Para todas as dificuldades reais que acabam fragilizando o governo, ele inventa em cima uma tese. E a esquerda antiga cai como um patinho e polariza", afirmou Ciro Gomes , em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo .
Para ele, apesar de resistências na ala militar do governo, a ação é uma estratégia de Bolsonaro, que dá "argumentos cíclicos" para que os eleitores foquem em outra coisa. "Ele vai e diz que o nazismo é de esquerda. Pronto: aí a turma do PT antiga cai, todo mundo achando que vai 'lacrar' mostrando que ele é louco. Mas aí o Bolsonaro já deu argumento para coesionar outro universo que não é a perda do comércio exterior ou a inscrição do Brasil no itinerário do terror, que são coisas concretas", disse Ciro, lembrando declaração feita pelo presidente após visita ao Museu do Holocausto, em Israel, na segunda-feira.
O pedetista também citou as críticas do presidente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na ocasião, Bolsonaro afirmou que o índice de desemprego divulgado pelo órgão "não mede a realidade" e que os dados são manipulados "para enganar a população".
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"Aí cai no Ibope, o desemprego aumenta, e ele vai e inventa um negócio para esculhambar o IBGE, falando que são burocratas, que são petistas. Ninguém é tão imbecil assim", concluiu o pedetista.
Recentemente, Ciro Gomes vem ampliando suas críticas contra o governo e à reforma da Previdência, buscando mais espaço na oposição. No mês passado, o político chegou a dizer que o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), estaria "precocemente escalando um golpe" contra Bolsonaro e chamou o presidente de "adolescente tuiteiro" .