O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pereira (PRB-SP), afirmou nesta segunda-feira (25), em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo , que Bolsonaro precisa tirar a senha do Twitter de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro. Para o vice da Câmara, o capitão da reserva também precisa "se colocar na função de presidente".
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"O presidente precisa tirar a senha do Twitter do Carlos e se colocar na função de presidente. Parece que, às vezes, Bolsonaro atua na função de presidente e, às vezes, atua como candidato", afirmou o vice da Câmara .
"Militares reclamam de Carlos Bolsonaro. Gustavo Bebianno (ex-ministro da Secretaria-geral da Presidência) reclamou de Carlos. Congresso reclama de Carlos. Aliados reclamam de Carlos. PSL reclama de Carlos. Imprensa reclama de Carlos. Agora Paulo Guedes reclamou de Carlos. Na cabeça do pai, Carlinhos tem razão e é incompreendido", completou Marcos Pereira .
O deputado disse considerar que o governo é mal organizado. Para ele, o presidente precisa entender que não está mais em campanha e "descer do palanque". Pereira disse ainda que o "ativismo" de Bolsonaro nas redes sociais é prejudicial e defendeu que ele não pode abordar alguns temas, pois podem causar instabilidade.
"O que acrescenta o presidente postar aquele vídeo do Carnaval? O que acrescenta para o País? A opinião dele até concordo. Não concordo ter postado. São cenas fortes e ele não precisa se expor a esse nível. Olha o que gerou", opinou.
Para o deputado, a falta de diálogo e de atenção do governo para com o Congresso o torna "muito parecido" com o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele afirma que várias pessoas pediram audiências a ministros e ao presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães. Entretanto, há demora no atendimento e, às vezes, nem são atendidas.
"O presidente precisa dar um comando. Dizer que atender parlamentar é prioridade. Se eu não puder levar um prefeito em certo ministério, como vou justificar para o meu eleitor naquela cidade?", criticou. "Tem deputado reclamando que está demorando 15 dias para conseguir uma audiência com ministro. Esse deputado já tem pré-disposição de não votar com o governo", completou.
Marcos Pereira afirmou ainda que a escolha dos ministros não foi técnica, como Bolsonaro disse repetidas vezes, e que eles são competentes, mas estão sendo vítimas de retórica de campanha. "Você vai me dizer que Onyx Lorenzoni, Luiz Henrique Mandetta, Osmar Terra, Tereza Cristina e Marcelo Álvaro Antônio são técnicos?", ressaltou o deputado.
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Hoje vice da Câmara , Marcos Pereira foi ministro da Indústria e Comércio Exterior do governo Michel Temer (MDB), mas pediu demissão em janeiro do ano passado, após ser mencionado na Operação Lava Jato. Na época, alegou que a renúncia seria para tratar de "questões pessoais e partidárias".