Senado enviará imagens da fraude dos votos de papel à Polícia Federal

Material incluirá foto do voto do senador Mecias de Jesus, apontado como maior suspeito por fraude ao ser flagrado com envelope diferente do oficial

Votação com cédulas de papel e urna resultou em tentativa de fraude no Senado, no início do mês
Foto: Pedro França/Agência Senado - 2.2.19
Votação com cédulas de papel e urna resultou em tentativa de fraude no Senado, no início do mês

A Corregedoria do Senado enviará à Polícia Federal as imagens das câmeras de segurança do plenário e também os registros feitos pelos próprios senadores com seus celulares durante a votação para eleger o novo presidente da Casa , ocorrida no início deste mês.

O material será periciado pela PF a fim de elucidar quem foi o responsável pelo voto duplicado que levou a urna a receber 82 cédulas de papel , quando o Senado abriga apenas 81 parlamentares. Na ocasião da tentativa de fraude, a mesa diretora decidiu refazer a votação, num imbróglio que culminou na desistência de Renan Calheiros (MDB-AL) quanto à sua candidatura, abrindo caminho para a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Imagens do circuito interno de vigilência, obtidas na semana passada pela reportagem do jornal O Estado de São Paulo , mostraram que há seis senadores tidos como suspeitos pelo voto adicional. 

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Foto: Marcelo Oliveira/Agência Senado - 2.2.19
Voto do senador Mecias de Jesus mostra cédula diferente do envelope usado na votação para presidente do Senado

Reportagem da revista Crusoé divulgou foto do momento em que o senador Mecias de Jesus (PRB-RR) deposita seu voto na urna. A superfície do papel é diferente do envelope oficial utilizado na votação, o que fez com que Mecias passasse a ser apontado como principal suspeito.

Essa imagem, registrada pelo fotógrafo Marcelo Oliveira, que trabalha para o próprio Senado, estará no pacote a ser enviado pelo corregedor da Casa, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), à Polícia Federal. A disponibilização do trabalho da perícia da PF foi oferecido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo.

Em nota, a assessoria do senador senador Mecias de Jesus negou que o parlamentar tenha tentado fraudar a eleição e disse que ele não foi informado pela Corregedoria "sobre a suposta suspeição sobre seis senadores”. “Mecias de Jesus está com a consciência limpa”, diz a nota, enviada à reportagem do Estadão .

A adoção dos votos em cédulas de papel depositados em uma urna de madeira na eleição para a presidência do Senado foi definida após novela que envolveu até mesmo o Poder Judiciário. Senadores da ala pró-Renan contestavam a adoção do voto aberto, aprovada pela maioria no plenário, e o caso chegou às mãos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. O magistrado restabeleceu o voto secreto , mas, contrariados, os senadores instituíram o voto em papel para que, aqueles que quisessem, anunciarem suas escolhas.