Um dia antes de tomar posse em seu primeiro mandato como deputada federal, Tabata Amaral (PDT) – uma jovem de 25 anos, vinda da periferia de São Paulo e formada em Harvard – enfrentou o seu primeiro atrito com um colega parlamentar. Isso porque, ao chegar em Brasília para ocupar o imóvel funcional para o qual foi sorteada, Tabata foi supreendida pelo filho do deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que ocupava o apartamento irregularmente.
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De acordo com Tabata Amaral , Hildo Rocha estaria, ilegalmente, ocupando dois imóveis. Um dos apartamentos funcionais oferecidos pela Câmara aos parlamentares estaria sendo ocupado pelo deputado e outro pelo seu filho. Por sua vez, o deputado negou as acusações e disse que está de mudança de um imóvel para o outro.
"Hoje fui ao apartamento funcional para o qual fui sorteada, junto com um fiscal da Câmara, para receber a chave e não pude entrar, porque um deputado deixou seu filho morando nesse apartamento e foi morar em outro", disse a deputada, em vídeo publicado em suas redes sociais.
"Ou seja, ele estava ilegalmente, irregularmente, ocupando dois imóveis. Liguei para a Câmara, expliquei a situação, tentei resolver, e o próprio deputado falou que eu podia fazer o barulho que fosse, que o filho dele não ia sair", afirmou Tabata.
A deputada federal ainda disse que, quando saiu do prédio, ouviu do porteiro que é “assim que Brasília funciona”. Por fim, na descrição da sua publicação, Tabata conta que, em apenas um dia em Brasília, havia sido barrada cinco vezes no Congresso, por não "parecer" uma deputada federal.
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Jovem, ela é uma das 243 novas parlamentares dos 513 que ocupam a Câmara dos Deputados desde a última sexta-feira (1º). Tabata foi a sexta mais votada em São Paulo, acumulando 264.450 votos.
Orientações dadas a Tabata Amaral
Depois da confusão plantada entre Rocha e Amaral, a Câmara dos Deputados se pronunciou. Segundo o Twitter da Casa, o parlamentar do MDB fez uma troca de apartamentos e tinha um prazo para a sua mudança – período que não havia vencido até a chegada de Tabata ao imóvel.
Hildo Rocha declarou que estava de mudança de um imóvel para o outro e, por isso, as chaves ainda não haviam sido entregues no dia anterior à posse dos novos deputados na Câmara.
Por sua vez, Tabata divulgou uma nota em que afirma que foi "orientada a fazer um requerimento de representação de quebra de decoro parlamentar", em decorrência da "lamentável situação de ver ocupado o apartamento funcional" a ela destinado.
Disse também que deveria ter sido previamente informada a respeito da mudança de Hildo Rocha e que lhe causou surpresa um funcionário ter sido designado a acompanhá-la na posse do imóvel, já que ele não estaria disponível para ela.
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"Como a própria Câmara designou um funcionário para me acompanhar no ato de entrada? Buracracia? Descortesia? Ou abuso?", escreveu Tabata Amaral . "Como deputada, encaminharei o requerimento à Secretaria Geral da Mesa para ser avaliado e direcionado ao Conselho de Ética". Ontem (4), a deputada publicou foto assinando o requerimento.