A Câmara dos Deputados publicou nesta terça-feira (29) a renúncia do deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) ao mandato para o qual foi eleito em outubro de 2018. No despacho junto ao ofício de Wyllys, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), determina a convocação do primeiro suplente da bancada do Psol do Rio de Janeiro e a inclusão de seu nome na lista dos parlamentares que tomam posse.
O suplente de Jean Wyllys é o vereador carioca David Miranda (Psol-RJ). A partir de hoje, a Câmara dos Deputados pode tomar as providências necessárias para que Miranda assuma o mandato a partir de sexta-feira (1°), na 56ª Legislatura.
No ofício protocolado na segunda-feira (28), na presidência da Câmara, Willys informa, "em caráter irretratável", que não vai tomar posse em seu terceiro mandato consecutivo. O deputado anexou a carta apresentada ao seu partido, na última quinta-feira, na qual disse ao Psol que renunciaria ao mandato e não voltaria ao Brasil.
Na carta, o deputado afirma que vem sofrendo "ameaças de morte e pesada difamação", desde seu primeiro mandato, mas que isso se tornou mais intenso no ano passado. Segundo Wyllys, as ameaças se estenderam à sua família, incluindo mãe, irmãs e irmãos, bem como a seus amigos próximos.
Tragetória de Jean Wyllys
O político, que se tornou um dos ícones na luta das minorias, ficou nacionalmente conhecido após participar do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, em 2005. Nascido em Alagoinhas, a 119 quilômetros de Salvador, na Bahia, Wyllys cursou comunicação social na Universidade Federal da Bahia e depois realizou mestrado em Letras, especializando-se em cultura brasileira e baiana.
O ganhador da 5ª edição do BBB se destacou como uma liderança de movimentos sociais. E, em 2010, o baiano elegeu-se deputado federal pelo Psol , no Rio de Janeiro. Em 2014, foi reeleito com 144 mil votos. Ativista e polêmico, o parlamentar lutou pela ampliação de direitos LGBTs, negros e das mulheres e foi alvo de diversas representação na Comissão de Ética da Câmara.
Em sua atuação, defendeu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, a regularização da profissão de prostituta e a implementação de espaços de vivência específicos para travestis e transexuais em presídios.
Wyllys é autor de projetos como o que cria a campanha de conscientização e enfrentamento ao assédio contra as mulheres. Na área da educação, o deputado apresentou proposta para que fossem "vedadas quaisquer formas de proselitismo e discriminação" no ensino religioso.Contra o projeto conhecido como “Escola Sem Partido”, o parlamentar apresentou o "Escola Livre".
O deputado também é o autor da proposta que tenta revogar a reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB). O projeto ainda tramita na Casa. Seus projetos de lei incluem também o tratamento de doenças raras pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a instituição de uma política nacional Griô, para proteção das tradições orais, e criação de uma Lei Empresa Ficha Limpa, que impeça empresas sob investigação criminal de participar de licitações públicas.
Um dos projetos de autoria do deputado aprovado na Câmara instituiu a campanha nacional de prevenção ao HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis, conhecida por Dezembro Vermelho.
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Na Câmara, Wyllys participou da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, da Comissão de Educação, da Comissão de Cultura e da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, entre outras. Do mesmo partido da vereadora assassinada Marielle Franco, o parlamentar também foi coordenador da comissão que investiga o assassinato.
Entre as representações contra o deputado no Conselho de Ética da Câmera, a mais polêmica tratava sobre o episódio em que ele disparou uma cusparada contra o então deputado federal Jair Bolsonaro durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016. Jean Wyllys recebeu uma advertência por conta do caso.