Após a assinatura do decreto que facilita a posse de armas de fogo , o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse nesta terça-feira (15) que evitar acidentes com crianças é uma questão de “educação” e “orientação”. Ele comparou o risco para uma criança de alguém manter uma arma de fogo em casa ao risco de a mesma criança se acidentar com um liquidificador.
“A gente vê criança pequena botar o dedo dentro do liquidificador e ligar o liquidificador e perder o dedinho. Então, nós vamos proibir os liquidificadores? Não. É uma questão de educação, é uma questão de orientação. No caso da arma, é a mesma coisa. Então, a gente colocou isso [a exigência de cofre] para mais uma vez alertar e proteger as crianças e os adolescentes”, afirmou o ministro Onyx Lorenzoni .
O decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) permite manter uma arma dentro de casa. Se cumpridos os requisitos de "efetiva necessidade", os cidadãos das zonas rural e urbana em todo o país poderão ter até quatro armas cada um. Nas residências onde há crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência mental, é preciso comprovar existência de cofre ou local seguro para armazenamento.
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"Eu criei quatro filhos com arma dentro de casa. Meus filhos nunca foram lá brincar com arma porque eu ensinei a todos eles o que ela significava”, declarou Lorenzoni. Segundo o ministro, é preciso ter "cuidado redobrado" com a arma.
De acordo com Onyx, um "compartimento com tranca" também será considerado seguro para guardar a arma. Na entrevista, questionado se a Polícia Federal terá de acreditar na "boa fé" do cidadão, o ministro disse que sim. "Ele [cidadão] diz que tem cofre em casa. Aí um dia tem assalto, a polícia vai lá e não tem cofre coisa nenhuma, não tem gaveta com chave. Nesses dois casos, dá o poder de tirar a arma e o certificado", explicou.
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Segundo o ministro, a Polícia Federal será “obrigada” a acreditar na declaração do cidadão que informar que tem cofre ou local seguro para guardar a arma. Onyx Lorenzoni afirmou ainda que a Polícia Federal não tem efetivo para "ir na casa de todo mundo" fazer a fiscalização.