Era pra ter sido hoje, mas a exemplo do que o próprio ex-assessor e ex-motorista de Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, fez em duas oportunidades, os parentes dele intimados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) a prestar depoimento a respeito das movimentações financeiras atípicas apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) também não compareceram.
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No mesmo dia, a defesa do próprio Fabrício Queiroz divulgou que seu cliente teve alta no início da tarde desta terça-feira (8) do Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, onde o ex-assessor parlamenter passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino no início do ano. Já a assessoria de imprensa do centro médico divulgou que Queiroz deu entrada no hospital no dia 30 de dezembro e foi liberado hoje às 12h20.
Para além da coincidência, os fatos estão realmente ligados já que as filhas e a mulher do ex-assessor que seriam ouvidas pelo Grupo de Atribuição Originária do Procurador-Geral de Justiça (Gaocrim) do MP alegaram que não compareceriam pois estão em São Paulo acompanhando o pós-operatório de Queiroz.
De acordo com o advogado da família, após a cirurgia, Queiroz passará por uma bateria de exames para saber qual o tratamento quimioterápico mais adequado e os familiares seguirão na capital paulsita para acompanhar o tratamento, frustrando os planos do Ministério Público de conseguir esclarecer o caso.
Para além disso, o MP também deverá ter problemas para conseguir falar com o próprio Flávio Bolsonaro, filho mais velhos do presidente Jair Bolsonaro, já que o senador eleito ainda não respondeu ao convite do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro enviado no dia 21 de dezembro a respeito do depoimento dele marcado para a próxima quinta-feira (10). Por ser parlamentar, Flávio Bolsonaro tem direito a sugerir o próprio dia e horário que deseja falar com a Justiça, mas também não fez isso. O caso, portanto, segue em aberto.
Entenda o caso Queiroz
O Ministério Público quer esclarecer as movimentações financeiras atípicas nas contas de Fabrício Queiroz identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Segundo o órgão responsável por esse tipo de investigação, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro recebia sistematicamente transferências bancárias e depósitos feitos por oito funcionários que trabalharam ou ainda trabalham no gabinete parlamentar de Flávio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Os valores suspeitos giram em torno de R$ 1,2 milhão.
Entre as movimentações financeiras atípicas registradas pelo Coaf, há também a compensação de um cheque de R$ 24 mil pago à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além de saques fracionados em espécie no mesmo valor dos depósitos suspeitos feitos na véspera. Em entrevista, o novo presidente afirma que o cheque é parte do pagamento de uma dívida de R$ 40 mil e que era possível que mais depósitos surgissem.
Já o ex-assessor que faltou duas vezes ao depoimento marcado no Ministério Público alegando que está com câncer, disse, em entrevista ao SBT dois dias depois da segunda data marcada, que o valor em dinheiro que movimentou em suas contas é fruto da compra e venda de veículos usados e que ele é um "homem de negócios".
Ele não explicou, porém, porque recebeu tantos depósitos de outros assessores e ex-funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro em sua conta e nem a origem do dinheiro. Limitou-se a dizer que vai esclarecer o assunto ao Ministério Público, mesmo não tendo comparecido nas duas primeiras datas marcadas. Na entrevista, o Fabrício Quieroz também procurou eximir o presidente Jair Bolsonaro de qualquer possibilidade.
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No entanto, umas das movimentações suspeitas é justamente de Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro e funcionária do gabinete do próprio Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Lá, ela mudou de cargo duas vezes, e nos últimos meses como secretária parlamentar recebeu um salário bruto de R$ 10.088,42.
Apesar de ter sido contratada em dezembro de 2016 com regime de 40 horas semanais, clientes que contratavam a educadora física certificada em eletroestimulação como personal trainer relataram que ela prestava atendimento rotineiramente em dias úteis e horário comercial, no Rio de Janeiro. O registro de frequência dos secretários, por sua vez, é feito pelos próprios gabinetes e encaminhado à Câmara que realiza os pagamentos.
Antes disso, em 2007, aos 18 anos, Nathalia começou a atuar na vice-lideraná do PP, então sigla de Flávio Bolsonaro, onde ficou até fevereiro de 2011. Já de agosto do mesmo ano até dezembro de 2016, ela esteve lotada no gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Sabe-se, porém, que quando ainda era servidora da Alerj, entre 2011 e 2012, Nathalia também trabalhava como recepcionista numa academia que fica em um shopping no Rio de Janeiro e foi contratada para participar de eventos de fitness também em horários comerciais de dias úteis.
No relatório do Coaf, o nome de Nathalia está associado a uma transferência de R$ 84 mil para a conta do pai dela, Fabrício de Queiroz, ao longo de 13 meses, incluindo o período em que ela já era assessora no gabinete de Jair Bolsonaro.
Questionado sobre as suspeitas, o presidente respondeu: “Ah, pelo amor de Deus, pergunta para o chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários comigo”. O chefe de gabinete de Bolsonaro, Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa, no entanto, não foi encontrado nem no gabinete da Câmara, nem no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) onde, segundo funcionários do gabinete, ele estava trabalhando como integrante da equipe do governo de transição.
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Em resposta, a assessoria de Flávio Bolsonaro disse que não conseguiu localizar o senador eleito para saber se ele comparecerá ao depoimento marcado pelo Ministério Público onde os promotores esperam ter mais respostas sobre todas as suspeitas que envolvem o caso Queiroz .