O diretor da Polícia Federal, Rogério Galloro, afirmou durante entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (21) que a corporação segue procurando o italiano Cesare Battisti, considerado foragido da Justiça desde a última quinta-feira (13) e que a PF já fez mais de 30 operações de busca para tentar localizá-lo.
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Galloro afirmou que "já foram realizadas mais de 32 operações. Nenhuma delas logrou êxito", mas também disse que a polícia tem "pistas" de onde ele possa estar e que está confiante de que Cesare Battisti será preso.
O policial explicou que a demora se justifica porque, quando a prisão do italiano foi decretada, a Polícia Federal não fazia a vigilância do italiano que agora é considerado foragido da Justiça porque, até aquele momento, não havia nada contra ele e, portanto, a supervisão não se justificava.
O diretor-geral da PF ainda explicou que "a Polícia Federal já prendeu Battisti três vezes no Brasil e em todas as vezes ele foi liberado. No momento em que foi decretada a prisão, ele era um cidadão que nada pesava contra ele, a Polícia Federal, portanto, não podia sequer fazer a vigilância dele", disse. Como parte do esforço de buscas pelo italiano, a PF chegou até mesmo a divulgar uma imagem com possíveis disfarces que Battisti poderia utilizar para tentar escapar das autoridades brasileiras.
Rogério Galloro, no entanto, não é o única otimista com a prisão de Cesare Battisti. Agentes da Interpol, a polícia internacional, e da polícia italiana estão no Brasil desde a última sexta-feira (14) para executar a extradição do terrorista para a Itália, decretada pelo presidente Michel Temer no mesmo dia, tão logo ele seja preso. Um avião militar italiano também está estacionado está estacionado na base aérea de Cumbina, ao lado do aeroporto, pronto para realizar o transporte.
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Cesare Battisti é condenado à prisão perpétua na Itália, acusado de ter cometido quatro assassinatos na década de 1970. Ele não compareceu ao julgamento porque fugiu do país e vagou durante 30 anos entre o México e a França, antes de conseguir entrar no Brasil em 2004. Aqui, ele chegou a ser preso em 2007, mas pediu asilo político afirmando que era perseguido por suas orientações políticas no seu país natal.
A partir de então, ele se tornou alvo de uma disputa diplomática entre o Brasil e a Itália já que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) permitiu que Cesare Battisti vivesse em liberdade no Brasil, mesmo a contragosto da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que tinha acatado o pedido de extradição da Itália, no seu último dia de mandato como presidente em 31 de dezembro de 2010.
Em outubro do ano passado, porém, Cesare Battisti foi preso novamente na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele tentou sair do País com cerca de R$ 25 mil em moeda estrangeira sendo que valores superiores a R$ 10 mil têm que ser declarados às autoridades competentes, sob pena de enquadramento em crime de evasão de divisas.
Por isso, na ocasião, a possibilidade de extradição de Battisti voltou a ser cogitada, mas só foi confirmada na última sexta-feira (14). Isso porque o relator do caso no STF, ministro Luiz Fux, derrubou a liminar que ele mesmo tinha dado para que a decisão de Lula se mantivesse de pé.
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Na ocasião, Fux afirmou que o novo presidente Michel Temer (MDB) poderia fazer um novo decreto presidencial a respeito do caso e determinou que Cesare Battisti fosse preso preventivamente até que o presidente tomasse uma nova decisão. Temer, no entanto, não demorou mais de um dia para decretar a extradição do italiano que agora é considerado foragido pela Justiça.