Ex-candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad deu uma palestra sobre os ‘desafios do novo populismo de direita’ na faculdade de direito de Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos, neste sábado (1º). Em linhas gerais, o político pediu uma união internacional para que a democracia no mundo não acabe e fez críticas aos que não defendem a defesa ambiental do planeta.
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Fernando Haddad agradeceu o trabalho realizado pelos alunos e dirigentes da faculdade que lançaram o evento ‘Challenging the new right populism’ (Desafiando o novo populismo de direita) e lançou um alerta a respeito da democracia.
“Há uma preocupação das forças democráticas mundiais sobre o que se passa na América do Sul, na Europa Oridental, e agora a gente vê que vai chegando nos EUA e mesmo na Europa Ocidental sinais já marcantes na Áustria, na Suécia e, agora, na Itália, de que há problemas de toda ordem acontecendo”, disse.
Haddad, que além de advogado é professor universitário, continuou o discurso defendendo que sem uma união internacional pela democracia, o mundo inteiro pode ser afetado pelo totalitarismo.
“Se eles utilizarem os mesmos métodos que utilizaram no ‘brexit’, aqui na eleição do Trump, da eleição do Bolsonaro, nós podemos ter problemas em países que são as últimas fronteiras democráticas que ainda resiste. E ninguém quer um mundo obscurantista”, afirmou.
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O ex-ministro da Educação explicou que o fenômeno antidemocrático no Brasil é visto de forma errônea boa parte dos críticos. Segundo ele, confundem o afastamento da democracia com ditadura.
“Nós temos que nos afastar dessa dicotomia democracia e ditadura porque na verdade não se trata mais disso. Muitas vezes a democracia é solapada por dentro das instituições . Estamos acostumados a estudar os golpes de Estado, mas agora é diferente. Por dentro do processo político você pode ter o incremento de um autoritarismo”, defendeu.
Fernando Haddad ‘alfineta’ Bolsonaro nas questões ambientais
No início de sua palestra, o petista também fez questão de ressaltar a política ambiental de prevenção do efeito estufa. Segundo Haddad, as mudanças climáticas já são realidade e cabe ao ser humano evitar uma catástrofe no meio ambiente.
“Quando você defende o direito ambiental, você está defendendo o direito de outras gerações a morar em um lugar com minimamente condições confortáveis. E no Brasil todas as questões de direitos estão, de certa maneira, em xeque”.
O discurso vem justamente na mesma semana em que o Brasil desistiu de sediar a Conferência do Clima de 2019 por um pedido do presidente eleito Jair Bolsonaro . O capitão reformado já deixou claro que discorda de algumas obrigações do Acordo de Paris, que visam diminuir a produção de gases que provocam o efeito estufa.
“Do mesmo jeito que os indígenas estão inseguros, que os tratados internacionais sobre meio ambiente estão em risco, que a comunidade LGBT está em risco, hoje você não tem, no Brasil, segurança de liberdade de cátedra”, afirmou Fernando Haddad ., novamente fazendo referência à política de Bolsonaro.