Jair Bolsonaro não concorda que índios devam viver em reservas demarcadas como se fossem animais em zoológico. Em declaração nesta sexta-feira (30), o presidente eleito afirmou que os indígenas são seres humanos iguais ao branco e ao negro e, portanto, precisam receber o mesmo tratamento digno do restante da população.
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O presidente eleito estava respondendo uma questão sobre a saída do Brasil do Acordo de Paris, que entre outras exigências, obriga o país a respeitar e demarcar as terras dos índios no território nacional.
"Sobre o acordo de Paris, nos últimos 20 anos, eu sempre notei uma pressão externa – e que foi acolhida no Brasil – no tocante, por exemplo, a cada vez mais demarcar terra para índio, demarcar terra para reservas ambientais, entre outros acordos que no meu entender foram nocivos para o Brasil. Ninguém quer maltratar o índio. Agora, veja, na Bolívia temos um índio que é presidente. Por que no Brasil temos que mantê-los reclusos em reservas, como se fossem animais em zoológicos?", questionou Bolsonaro .
O presidente eleito afirmou que o índio ainda está em “situação inferior a nós”, o que não pode ser aceito pelo próximo governante do Brasil. A demarcação de terras, segundo Bolsonaro, só auxilia nessa distinção.
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"O índio é um ser humano igualzinho a nós. Quer o que nós queremos, e não podemos usar o índio, que ainda está em situação inferior a nós, para demarcar essa enormidade de terras, que no meu entender poderão ser, sim, de acordo com a determinação da ONU, novos países no futuro. Justifica, por exemplo, ter a reserva ianomâmi, duas vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro, para talvez, 9 mil índios? Não se justifica", disse.
Auxílio ao índio dentro do Ministério do Meio Ambiente
Na mesma entrevista, Jair Bolsonaro afirmou que ainda não pode anunciar o próximo ministro do Meio Ambiente, mas que já tem cerca de “meia dúzia de nomes em cima da mesa”. O capitão reformado confirmou que temas como o respeito aos indígenas serão tratados na pasta.
O presidente eleito disse ainda que o próximo ministro do Meio Ambiente estará alinhado com os pensamentos do governo, que pretende acabar com o que ele chamou de “indústria das multas” ambientais.
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"Quero preservar, mas não dessa forma que vêm fazendo nos últimos anos. Dessas multas no campo, 40% vai para ONG. Isso vai deixar de existir”, afirmou.
Críticas aos índios tomaram conta dos ataques sofridos por Jair Bolsonaro durante a campanha. Seu vice, General Hamilton Mourão, se declarou indígena ao Tribunal Superior Eleitoral.