Preso desde abril na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu carta com orientações aos filiados do Partido dos Trabalhadores (PT) e comentários sobre o cenário político pós-eleições. O documento foi divulgado pelo partido nessa sexta-feira (30).
Dizendo-se mais uma vez vítima de uma "farsa judicial", Lula partiu para o ataque contra o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contra o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, contra a Justiça Eleitoral , a Lava Jato e a mídia. Pelas redes sociais, Bolsonaro ironizou a carta do petista em mensagem publicada na manhã deste sábado (1º): "Acabaram as eleições e as visitas íntimas na prisão diminuíram!", escreveu o presidente eleito em resposta aos ataques de Lula.
O petista acusou Bolsonaro de ter se valido de uma "indústria de mentiras no submundo da internet" para vencer o segundo turno contra Fernando Haddad (destacado por Lula como um "líder brasileiro reconhecido internacionalmente"). O ex-presidente afirma ainda que Bolsonaro foi apoiado por banqueiros, pela mídia, pelo governo americano de Donald Trump, e "pelo que há de mais atrasado no Congresso Nacional".
" Jair Bolsonaro se apresentou ao País como um candidato antissistema, mas na verdade ele é o pior representante desse sistema. [...] Não teve coragem de participar de debates no segundo turno, de confrontar conosco suas ideias para a economia, o desenvolvimento, a geração de empregos, as políticas sociais, a política externa. E vai executar um programa ultraliberal, de entreguismo e privatização, que não foi apresentado aos eleitores e muito menos aprovado nas urnas", escreveu o ex-presidente.
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Responsável pela sentença que, após revisão na segunda instância, colocou Lula na prisão, o ex-juiz Sérgio Moro também foi um dos mais atacados pelo petista. O ex-presidente disse acreditar que, como futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro irá "aprofundar a perseguição ao PT e aos movimentos sociais".
"Se alguém tinha dúvidas sobre o engajamento político de Sérgio Moro contra mim e contra nosso partido, ele as dissipou ao aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial. Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza", reclamou.
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Lula avaliou que o PT "continua sendo o maior e mais importante partido popular deste País", apesar de "toda perseguição e de todas as tramoias" alegadamente sofridas durante o processo eleitoral. Segundo o ex-presidente, o partido deve se reconectar com suas bases e "não pode ter medo do futuro". "Não temos de pedir desculpas por sermos grandes, se foi o eleitor que assim decidiu. Queremos e devemos atuar em conjunto com todas as forças da esquerda, da centro-esquerda e do campo democrático, num exercício cotidiano de resistência."