O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou na noite desta quinta- feira (22), através das redes sociais, a indicação de Ricardo Rodríguez para o cargo de ministro da Educação. Autor de mais de 30 obras ele é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
Ricardo Rodríguez é o 13º ministro já anunciado pelo futuro presidente. Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Augusto Heleno (Segurança Institucional), Sergio Moro (Justiça), Tereza Cristina (Agricultura), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Wagner de Campos Rosário (Transparência), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Luiz Henrique Mendetta (Saúde), André Luiz de Almeida Mendonça (AGU) e Gustavo Bebiano (Secretaria Geral) já haviam sido confirmados por Bolsonaro.
A escolha de Rodríguez pegou os especialistas de surpresa, já que o presidente eleito flertava com Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna para a pasta da Educação. O nome, no entanto, não foi bem aceito por aliados de Bolsonaro, em especial a bancada evangélica e os defensores do projeto 'Escola sem Partido'.
Conforme Ramos foi perdendo força na base do governo, o procurador regional da República do Distrito Federal Guilherme Schelb foi apontado pela própria bancada evangélica como um possível nome e chegou a se reunir com Jair Bolsonaro na Granja do Torto nesta quarta-feira (21), mas também acabou sendo descartado pelo futuro presidente.
O nome de Ricardo Rodríguez, por sua vez, chegou ao presidente eleito através de "pessoas ligadas à educação e a cultura, dentre elas Olavo de Carvalho", segundo escreveu o próprio futuro ministro em uma postagem em seu blog pessoal no dia 7 de novembro.
Grande apoiador da campanha do PSL e uma espécie de "guru" da nova direita brasileira nas redes sociais, o filósofo Olavo de Carvalho é um dos grandes críticos dos governos de Lula e Dilma Rousseff.
No mesmo texto, o filósofo elogiou Bolsonaro e fez críticas aos governos do PT. "Acho que o nosso Presidente eleito ganhou definitivo apoio da sociedade brasileira no pleito eleitoral recente, em decorrência de um fator decisivo: ele foi o único candidato que soube traduzir os anseios da classe média, que externou a insatisfação de todos os brasileiros com os rumos que os governos petistas imprimiram ao país", escreveu Rodriguez.
As críticas ao Partido dos Trabalhadores, à esquerda em geral e ao que chama de 'revolução cultural marxista' são recentes nos textos do filósofo. Nascido em Bogotá, na Colômbia, Rodríguez tem 75 anos e se graduou em filosofia e teologia antes de vir ao Brasil para fazer uma pós-graduação.
O professor se fixou no Brasil e se tornou mestre em pensamento brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), doutor em pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama Filho e pós-doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron.
Chegou a ser Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade de Medellín, entre 1975 e 1978, quando retornou brevemente à Colômbia. Desde 1979, fixou residência no Brasil e deu aulas em universidades do Rio de Janeiro, Londrina e Juiz de Fora, tendo participado da criação de cursos de pós-graduação em Pensamento Político Brasileiro.
Autor de mais de 30 obras, Rodriguez mostra-se simpática ao conservadorismo e ataca com frequência governos de esquerda. O filósofo colombiano é autor do livro "A grande mentira: Lula e patriotismo petista", no qual faz criticas aos governos petistas. De acordo com a descrição oficial, o livro "explica como o PT conseguiu potencializar as raízes da violência, que já estavam presentes na formação do nosso Estado patrimonialista, e que se reforçaram com o narcotráfico e a ideologia de revolução cultural gramsciana".
Em outro de seus livros, "Da Guerra à Pacificação", a hipótese que o autor levanta é a seguinte: "quando, no decorrer da segunda metade do século XX, o patrimonialismo vinculou-se, nos países latino-americanos, ao mercado dos tóxicos e à ação radical do Foro de São Paulo, a violência disparou e ensejou a formação de Estados dentro do Estado, cuja manifestação mais contundente foi a República das Farc, entre 1998 e 2002."
O filósofo também é crítico do sistema educacional brasileiro. Para o novo ministro, é necessário "enquadrar o MEC no contexto da valorização da educação para a vida e a cidadania a partir dos municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem". Ele também afirma que governos anteriores "tornou brasileiros reféns de uma doutrinação enquistada na ideologia marxista".
No blog, o futuro ministro também criticou as provas do Exame Nacional do Ensino Médio ( Enem ) que, para ele, são "entendidas mais como instrumentos de ideologização do que como meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino".
Ricardo Rodriguez
ainda afirma que pretende propor um sistema educacional construído de baixo para cima, algo que, segundo ele, foi destruído pela proposta estatizante do governo de Getúlio Vargas. "'Menos Brasília e mais Brasil', inclusive no MEC. Essa seria a minha proposta, que pretende seguir a caminhada patriótica empreendida pelo nosso Presidente eleito", finalizou o futuro ministro em seu texto.