O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou depoimento à juíza Gabriela Hardt na tarde quarta-feira (14), na sede da Justiça Federal em Curitiba. A audiência teve início às 15h e foi encerrada pouco antes das 18h e se deu no âmbito da ação penal da Lava Jato que apura se reformas no sítio de Atibaia (SP) frequentado pela família do ex-presidente foram pagas ilicitamente por construtoras.
Leia também: Odebrecht detalha e-mails entregues como prova contra Lula no caso do sítio
Escoltado por agentes da Polícia Federal, que driblaram manifestações de militantes do PT e de movimentos sociais pelo caminho, Lula chegou ao local da auidência por volta das 13h30. Esta foi a primeira vez que ele deixou a Superintendência da PF, onde está preso desde abril por conta da condenação em outro processo, o do caso tríplex.
A audiência desta tarde foi também foi primeira vez do ex-presidente frente a frente com a juíza federal substituta Gabriela Hardt
, que assumiu o caso depois que o juiz Sérgio Moro se afastou após aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ser seu futuro ministro da Justiça.
Lula foi interrogado logo após o fim da audiência com o pecuarista José Carlos Bumlai, que durou pouco menos de uma hora. O depoimento do ex-presidente foi o último deste processo da Lava Jato, que agora segue para sua fase final com alegações do Ministério Público Federal e das defesas.
Antes do início do depoimento de Lula , a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que as expectativas com a nova juíza não são difererentes pois ela representa "a sequência do que o Sérgio Moro quer". "É o segundo processo injusto contra Lula. Tudo que nós pedimos é que Lula fosse submetido a um juiz isento. Sérgio Moro não é isento, ele faz política", reclamou a senadora.
Este foi o terceiro depoimento do ex-presidente na sede da Justiça Federal em Curitiba. O primeiro e mais longo deles, tomado em maio de 2017, durou quase cinco horas. Já o segundo, prestado em setembro do ano passado, foi mais curto e terminou em duas horas.
Depoimento de Lula gera expectativa
O ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por recebimento de propina das construtoras OAS e Odebrecht. Outras 12 pessoas também estão denunciadas no processo. Lula nega as acusações e diz não ser dono do sítio em Atibaia . De acordo com as investigações, foram feitas reformas e melhorias no patrimônio.
Pelas investigações, as reformas no sítio começaram após a compra da propriedade pelos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, amigos de Lula. No laudo elaborado pela Polícia Federal, em 2016, os peritos citam as obras que foram realizadas, entre elas a de uma cozinha avaliada em R$ 252 mil.
Leia também: Juíza nega a Lula chance de prestar novo depoimento sobre aluguel de apartamento
A estimativa é de que tenha sido gasto um valor de cerca de R$ 1,7 milhão, somando a compra do sítio (R$ 1,1 milhão) e a reforma (R$ 544,8 mil). A defesa de Lula sustenta que a propriedade era frequentada pela família do ex-presidente, mas ele não é proprietário do sítio.
O depoimento de Lula gera expectativa ainda maiores por ser a primeira vez que o ex-presidente fala publicamente após o resultado das eleições 2018, as primeiras eleições presidenciais que o PT perdeu em 16 anos e da qual Lula foi impedido de concorrer pela Justiça Eleitoral, enquandrado na Lei da Ficha Limpa.
Lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) e movimentos sociais fizeram manifestações para acompanhar o depoimento do ex-presidente Lula hoje. O chamado 'Comitê Nacional Lula Livre', composto pelas frentes Brasil Popular, Povo sem Medo, PT e outros movimentos sociais, informou que irá acompanhar o líder petista neste "episódio de perseguição contra o ex-presidente e seu legado".
A presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, e o líder da bancada petista na Câmara, Paulo Pimenta (RS) prometeram atuar para defender o ex-presidente e cobrar um "julgamento justo" para o ex-presidente.
Leia também: PT mobiliza grupos para manifestações durante depoimento de Lula sobre sítio
O depoimento de Lula estava inicialmente agendado para ocorrer no dia 11 de setembro, mas o juiz Sérgio Moro adiou a audiência por conta do período eleitoral .