A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu investigação contra Paulo Guedes, guru econômico do candidato Jair Bolsonaro (PSL) por supostos crimes de gestão temerária ou fraudulenta de investimentos de recursos de fundos de pensão. Anunciado antecipadamente como futuro ministro da Fazenda em eventual governo Bolsonaro, Guedes já estava na mira do Ministério Público Federal (MPF) desde o início do mês
, quando havia sido aberto procedimento preliminar. Agora, a investigação foi formalizada.
Essa investigação contra Paulo Guedes apura se ele obteve "benefícios econômicos" por meio de supostas fraudes envolvendo o FIP Brasil de Governança Participativa. Esse fundo de investimento é controlado pelo economista de Bolsonaro e teria recebido, de maneira irregular, aportes de fundos de pensão de estatais como Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios).
A FIP Brasil captou um total de R$ 1 bilhão junto a esses fundos de pensão, mediante a venda de cotas de investimentos, no período entre 2009 e 2013. Segundo as informações prestadas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) ao MPF, os servidores aposentados que têm dinheiro nesses fundos de pensão acabaram perdendo dinheiro devido aos investimentos escolhidos pela FIP.
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A defesa de Guedes afirma que a investigação é baseada em relatório que trata de apenas um investimento feito pela FIP e que, se consideradas todas as movimentações efetuadas, os fundos de pensão de estatais tiveram lucro, e não prejuízo. Já os procuradores que atuam no caso consideram que os fundos "poderiam ter obtido ganhos maiores" caso não fossem cometidas "ilicitudes".
Paulo Guedes, considerado o 'posto Ipiranga' de Bolsonaro para a economia ainda será intimado a prestar depoimento à força-tarefa da Operação Greenfield , em Brasília.
Na semana seguinte à votação do primeiro turno das eleições, Guedes se manifestou sobre o procedimento investigativo aberto pelo MPF e negou ter adotado "qualquer conduta antiética ou irregular"
e também assegurou que não houve prejuízo aos fundos de pensão.
“Cumpre esclarecer que o FIP BR Educacional não trouxe qualquer prejuízo aos fundos de pensão. Ao contrário. Ele apresentou retorno substancialmente acima do objetivo estabelecido no regulamento firmado entre os cotistas”, disseram os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, em nota.
Os advogados voltaram a se manifestar nesta sexta-feira (26), já diante da formalização da investigação contra Paulo Guedes . Leia íntegra abaixo:
“A investigação se baseia em um relatório fragilíssimo, que tratou de apenas um, dentre quatro investimentos realizados pelo fundo. O relatório omite o lucro considerável que o fundo tem propiciado aos investidores e a perspectiva de lucro de mais de 50% do valor investido. Ou seja, não houve qualquer prejuízo às partes envolvidas.
Vale ressaltar ainda que o senhor Paulo Guedes jamais teve qualquer poder de deliberação sobre o destino dos investimentos, os quais foram todos aprovados pelo Comitê de Investimentos, formado por membros indicados pelos cotistas.
Por fim, causa perplexidade que, a setenta duas horas das eleições, o Ministério Público instaure uma investigação para apurar um investimento que deu lucro aos fundos de pensão.”