O candidato Fernando Haddad (PT) alcançou pouco mais de 28,6% dos votos válidos neste domingo (7) e vai disputar o segundo turno para a Presidência da República com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que obteve a preferência de 46,4% dos eleitores brasileiros.
Aos 55 anos de idade, Fernando Haddad assumiu o posto de candidato após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter seu registro barrado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na Lei da Ficha Limpa. Haddad é apoiado por coligação que congrega PT, Pros e PCdoB, este último o partido de sua candidata a vice, Manuela D'Ávila .
Ao longo de sua campanha, o petista enfatizou seus feitos enquanto ministro da Educação e prometeu priorizar o ensino médio , caso eleito. Sua proposta para essa área concentra-se em fazer com que escolas federais firmem convênios com as estaduais que têm baixo desempenho e estão localizadas em áreas carentes.
Para a economia, Haddad promete isentar o imposto de renda para quem recebe até cinco salários mínimos e também tem programa para tirar o nome de endividados do SPC – a imagem da proposta defendida pelo candidato Ciro Gomes (PDT). O petista também pretende revogar a reforma trabalhista aprovada pelo governo Michel Temer (MDB), bem como a PEC do Teto de Gastos Públicos.
Haddad também defende o emprego da Polícia Federal para atuar na segurança pública em grandes cidades. O candidato declarou à Justiça Eleitoral possuir patrimônio de R$ 428 mil.
Quem é Fernando Haddad?
Nascido em São Paulo, filho de pais de origem libanesa, Haddad é formado em Direito e tem mestrado em Economia e doutorado em Filosofia, ambos pela Universidade de São Paulo (USP). É autor de cinco livros (dentre eles títulos como 'Em Defesa do Socialismo' e 'O Sistema Soviético') e ganhou destaque nacional ao ocupar o posto ministro da Educação por sete anos, nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT).
Haddad assumiu o MEC em 2005 após o então ministro, Tarso Genro, deixar a pasta em meio ao escândalo do mensalão. À frente do ministério, Haddad foi responsável pela implementação do Prouni (Programa Universidade para Todos), programa que concede bolsas de estudos a alunos de baixa renda ou egressos do sistema público em instituições privadas de ensino. Também foi responsável pelo lançamento de programas como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e o Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
A gestão Haddad no Ministério da Educação ficou ainda marcada por recorrentes casos de vazamentos e falhas relacionadas à aplicação das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Casado com Ana Estela e pai de dois filhos, Haddad deixou o MEC em 2012 para disputar a eleição daquele ano para a Prefeitura de São Paulo. Apoiado por Lula e com forte campanha elaborada pelo marqueteiro João Santana, o petista acabou vitorioso ao superar José Serra (PSDB) no segundo turno.
Na capital paulista, sua gestão ficou marcada por políticas para a mobilidade urbana, tema caro à cidade com maior frota de veículos do País. Haddad investiu na construção e ampliação de corredores exclusivos de ônibus e de ciclovias e ciclofaixas. Foi muito criticado pela redução da velocidade máxima das marginais Pinheiros e Tietê, muito embora a política tenha se refletido na queda no número de acidentes nessas vias .
O petista tentou a reeleição em 2016, mas acabou derrotado ainda no primeiro turno por João Doria (PSDB). Haddad deixou o Palácio do Anhangabaú avaliado como ruim ou péssimo por 48% da população, conforme pesquisa Datafolha divulgada em julho de 2016.
Investigações contra Haddad
No início do mês passado, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Haddad por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro supostamente cometidos mediante recebimento de R$ 2,6 milhões em caixa dois da empreiteira UTC Engenharia para sua campanha em 2012.
Essas acusações resultam de investigações iniciadas a partir de delações premiadas de executivos da construtora e do doleiro Alberto Youssef, e já renderam três ações contra Haddad: uma na esfera eleitoral, outra no âmbito criminal, e a terceira como ação civil pública. O processo na esfera eleitoral foi aceito, em junho, pelo juiz Francisco Shintate, da primeira Zona Eleitoral de São Paulo.
Os advogados de Fernando Haddad têm rechaçado todas as acusações. Em nota divulgada pelo PT no início deste mês, a defesa afirma que a nova denúncia foi "fabricada" a partir de "delações mentirosas, negociadas pelos promotores com um corrupto confesso". "O companheiro Fernando Haddad tornou-se alvo dessas manobras criminosas desde que foi registrado candidato a vice-presidente", disse a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann.