Ex-secretário da Saúde do Rio, Sérgio Côrtes havia ganhado habeas corpus no início de fevereiro
Tânia Rêgo/Agência Brasil - 11.4.17
Ex-secretário da Saúde do Rio, Sérgio Côrtes havia ganhado habeas corpus no início de fevereiro

O ex-secretário de Saúde do governo Sérgio Cabral, Sérgio Côrtes, foi preso na manhã desta sexta-feira (31) preventivamente em sua casa, na Lagoa. A prisão faz parte de um desdobramento da Lava Jato do Rio de Janeiro.

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A Operação S.O.S. do Ministério Público Federal com a Polícia Federal e a Receita Federal, que prendeu o ex-secretário de Saúde , mira desvio de recursos na contratação de Organizações Sociais (OSs) e cumpre 21 mandados no Rio e em São Paulo.

Côrtes já havia sido preso em outra fase da Operação Lava Jato e estava solto desde fevereiro por ordem do ministro Gilmar Mendes , do Supremo Tribunal Federal.

A polícia também cumpre mandado de prisão preventiva contra o empresário Miguel Iskin. A Polícia Federal está em sua casa desde às 6 horas da manhã.

Ele é acusado de ter abastecido o ex-governador Sérgio Cabral e Sérgio Côrtes . No último dia 14, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, havia aceitado denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Côrtes, por crimes de participação em organização criminosa, fraude e corrupção ligados ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).

Foi decretada ainda a prisão preventiva de outros investigados, entre eles, o empresário Gustavo Estellita.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o objetivo é aprofundar a investigação sobre fraudes na Secretaria de Saúde, com a contratação da Organização Social Pró-Saúde, que administrou vários hospitais do estado a partir de 2013, como os Getúlio Vargas, Albert Schuartz, Adão Pereira Nunes e Alberto Torres.

Ex-secretário da Saúde é apontado como membro de organização criminosa

Além do ex-secretário da Saúde Sérgio Cortês, outras 20 pessoas devem ser presas nesta sexta-feira pela Lava Jato
Reprodução/Twitter
Além do ex-secretário da Saúde Sérgio Cortês, outras 20 pessoas devem ser presas nesta sexta-feira pela Lava Jato

As investigações apontam que Miguel Iskin tinha influência tanto sobre o orçamento e a liberação de recursos pela Secretaria de Saúde quanto sobre as contratações pela Pró-Saúde, indicando empresas e fornecendo toda a documentação necessária, como cotações de preços e propostas fraudadas, para instruir o procedimento de contratação.

Em contrapartida, segundo a Procuradoria da República, Miguel Iskin cobrava a devolução de 10% sobre o valor dos contratos dos fornecedores da organização social, distribuídos entre os demais membros da organização criminosa, como Sérgio Cortês e Gustavo Estellita.

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"Essa nova fase das investigações comprova que os empresários controlavam a destinação dada aos recursos públicos repassados às organizações sociais que administravam hospitais estaduais, desviando tais verbas em benefício próprio e de terceiros, contando com a atuação de gestores da organização social e de diversos funcionários públicos da Secretaria de Saúde para que a empreitada criminosa fosse concretizada", afirmam os procuradores da República membros da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

A Pró-Saúde é uma organização com sede em São Paulo e os contratos com o Rio de Janeiro chegaram a representar 50% do faturamento nacional da entidade, que saltou de R$ 750 milhões em 2013 para R$ 1,5 bilhão em 2015.

Além do esquema com Miguel Iskin e Sérgio Cortês, as investigações também revelam que três ex-gestores da Pró-Saúde, Ricardo Brasil, Manoel Brasil e Paulo Câmara, firmaram contratos da entidade com a empresa Aditus Consultoria, do qual eram sócios, obtendo vantagens indevidas no valor de R$ 30 milhões entre os anos de 2012 e 2014.

Nessa fase das investigações, foi possível estimar que os contratos fraudados permitiram o desvio de cerca de R$ 74 milhões dos cofres públicos.

Outros envolvidos no caso

Também foi determinada a intimação do ex-secretário de Saúde Luiz Antonio Teixeira
Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil
Também foi determinada a intimação do ex-secretário de Saúde Luiz Antonio Teixeira

Além de Sérgio Cortês, Miguel Iskin, Gustavo Estellita, foi determinada a prisão de Marco Antônio Guimarães, Marcus Vinícius Guimarães, Ana Luiza Carlier, João Severiano da Fonseca Hermes, Jorge Ronaldo Moll, Odir Mendes Filho, Pedro Iskin, Alexandre Simões, Leonardo Dallalana, Naírio dos Santos, Ricardo Brasil, Manoel Brasil, Paulo Roberto Camara, Ronaldo Pasquarelli, Carlos Alberto Giraldes, Fabio Augusto Riberi, Ana Lucia Mandacaru Lobo e Leandro Cesar da Silva.

Também foi determinada a intimação do ex-secretário de Saúde Luiz Antonio Teixeira para prestar esclarecimentos, tendo em vista os indícios de que, mesmo afastado da secretaria, continuou com influência sobre as transferências de recursos públicos para a organização social, vinculando-as à obrigação de a entidade pagar determinados fornecedores, em detrimento de outras despesas prioritárias na gestão dos hospitais que a OS administra.

Para garantia do ressarcimento dos danos, foi determinada a indisponibilidade de bens e valores dos investigados e empresas envolvidas no montante de até R$ 149.338.476,42.

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A ação que culminou na prisão do ex-secretário da Saúde do Rio é um desdobramento das operações Fratura Exposta e Ressonância e é a terceira fase da Lava Jato no Rio sobre esquemas criminosos na área da Saúde.

*Com informações da Agência Brasil

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