Candidatura de Lula é contestada em 16 ações no TSE; entenda os próximos passos

Autora de um dos pedidos de impugnação, PGR queria que prazo para resposta da defesa encerrasse hoje, mas relator Barroso não se manifestou

Preso desde abril, ex-presidente Lula registrou candidatura na Justiça Eleitoral na semana passada
Foto: Lula Marques/Agência PT
Preso desde abril, ex-presidente Lula registrou candidatura na Justiça Eleitoral na semana passada

O registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 2018 foi contestado em 16 representações na Justiça Eleitoral. O prazo para questionar junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a participação do petista na disputa se encerrou às 23h59.

Entre os autores dos pedidos de impugnação e de notícias de inelegibilidade levados até o TSE contra Lula , estão a procuradora-geral da República, Raquel Dodge , o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e os candidatos a deputado federal Kim Kataguiri (DEM) e Alexandre Frota (PSL).

A defesa do ex-presidente tem sete dias corridos para se manifestar nos processoss, prazo que começa a rolar a partir do momento em que os advogados forem notificados. No caso do pedido de impugnação apresentado pela PGR, Dodge argumentou ainda na semana passada que esse prazo deveria começar a contar já a partir da última quinta-feira (16) , o que faria com que a data-limite para a defesa se manifestar seja esta quinta-feira. O relator desse processo no TSE é o ministro Luís Roberto Barroso, que não se manifestou a respeito do pleito de Raquel Dodge.

No pedido de impugnação, a PGR argumenta que Lula está enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que o torna inelegível, por ter sido condenado no caso tríplex da Lava Jato por um órgão colegiado de segunda instância – neste caso, o Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4).

Raquel Dodge rebate ainda argumento que vem sendo  repetido por lideranças do PT no sentido de que a candidatura deve prosperar mesmo que sob contestações judiciais. A chefe da PGR cobra a "rejeição liminar do requerimento, sem qualquer outro efeito jurídico que habilite Lula a ser considerado candidato sub judice ou a pretender o financiamento de sua candidatura com recursos públicos, que são destinados apenas a financiar campanhas dos elegíveis”.

Além das impugnações, que são apresentadas por candidatos e partidos, o TSE também recebeu nove notícias de inelegibilidade. Esse instrumento é oferecido a qualquer cidadão que deseje informar o TSE sobre situações que prejudiquem a candidatura de algum candidato ao pleito deste ano.

Rito das ações contra Lula no TSE

Após a defesa de do ex-presidente se manifestar, os autores dos pedidos de impugnação terão até o dia 4 de setembro para apresentarem suas últimas considerações. O TSE, então, terá até o dia 17 de setembro para dar a palavra final sobre a impugnação ou não da candidatura. Após isso, ainda poderá haver recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Caso Lula seja impedido de participar da eleição, sua chapa terá também até o dia 17 de setembro para substituir seu nome nas urnas. Nesse caso, o acordo firmado entre o PT e o PCdoB prevê que o hoje candidato a vice, Fernando Haddad, passará a ser o candidato oficial . A jornalista Manuela D'Ávila entrará como sua vice.

Na semana passada, o Comitê de Direitos Humanos da ONU expediu liminar cobrando que o Estado brasileiro "tome as medidas necessárias" para assegurar a participação de Lula na disputa eleitoral. O governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que a liminar trata-se apenas de uma "recomendação" e disse que ela seria encaminhada ao Poder Judiciário.

Preso desde abril na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Lula é atualmente o candidato à Presidência que lidera as pesquisas de intenção de votos. De acordo com levantamento divulgado nesta semana pelo Datafolha, o petista é o favorito de 39% do eleitorado, seguido à distância por Jair Bolsonaro, que tem 19% das intenções de voto.