Procuradora-geral contesta no TSE candidatura de Lula à Presidência

Questionamento enviado ao TSE será analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do tribunal e relator do pedido de registro de Lula

Raquel Dodge apresentou na noite desta quarta-feira (15) o pedido de impugnação da candidatura de Lula
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 14.12.17
Raquel Dodge apresentou na noite desta quarta-feira (15) o pedido de impugnação da candidatura de Lula

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou na noite desta quarta-feira (15) um pedido de impugnação da candidatura do ex-presidente  Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. O questionamento enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) será analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE e relator do pedido de registro da candidatura de Lula.

Na tarde desta quarta-feira, o PT registrou a candidatura de Lula , após uma marcha e um ato em frente ao TSE com a presença de políticos apoiadores da candidatura. Além da contestação apresentada pela PGR, o tribunal também recebeu outros questionamentos, apresentados por Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre (MBL), e pelo ator Alexandre Frota.

Na petição, Raquel Dodge afirma que o requerente não é elegível e apresenta certidão emitida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a condenação determinada em primeira instância.

A PGR também lembra que o TSE já consolidou o entendimento de que condenações como a do TRF4 são causa de inelegibilidade. De acordo com a Súmula 61 da Corte, o condenado só retoma a capacidade eleitoral passiva oito anos após o término do cumprimento da pena. No caso do ex-presidente, a pena começou a ser cumprida em abril deste ano, após determinação da Justiça Federal.

O Ministério Público Eleitoral pede ao relator que o registro seja indeferido, por entender que faltam ao pedido os pressupostos de validade e eficácia.

Candidatura de Lula foi registrada nesta quarta-feira

Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Registro da candidatura de Lula teve apoio de manifestação em frente à sede do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília

Para fazer o registro da chapa, o PT não levou ao TSE nenhum documento referente à atual condição do ex-presidente, que está detido desde abril em Curitiba após condenação a 12 anos e 1 mês de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na caso do tríplex no Guarujá-SP.

Leia também: MPF diz que Lula faz da prisão seu "comitê de campanha" e quer barrar Gleisi

A equipe jurídica do PT entende que a legislação exige que os candidatos apresentem apenas certidões negativas referentes aos seus domicílios eleitorais. Residente em São Bernardo do Campo (SP), Lula responde a diversos processos em São Paulo, mas nunca foi condenado no estado. O processo que rendeu a ele a condenação que o levou à prisão foi julgado pelo juiz Sérgio Moro, no Paraná.

Os apoiadores do ex-presidente defendem que o registro de sua candidatura a um terceiro mandato no Planalto não tem porque ser contestado neste momento, uma vez que caberá ao TSE analisar a validade ou não de um pedido de registro até o dia 17 de setembro. 

O PT entende que, mediante ao registro de sua candidatura, Lula passa a ter o direito de fazer campanha, de ter seu nome na urna e de utilizar o programa eleitoral gratuito, mesmo que tenha sua candidatura questionada na Justiça Eleitoral.

Leia também: TSE pode barrar candidaturas mesmo sem receber questionamentos, diz Rosa Weber

Ainda que a Justiça Eleitoral indefira o pedido de registro da candidatura de Lula , o partido argumenta que o ex-presidente poderá disputar as eleições protegido por alguma medida cautelar (instrumento jurídico para prevenir, conservar ou defender direitos). Caso vença a disputa, Lula teria até a data de sua diplomação (em janeiro) para conseguir reverter sua inelegibilidade.