Norma sobre fake news poderia resultar em censura prévia, diz ministro do STF

Questionado sobre falta de norma sobre 'fake news', ministro do STF lembra que resolução poderia ser interpretada como censura prévia

Para o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, é importante não confundir combate às 'fake news' com censura prévia
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF - 7.12.16
Para o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, é importante não confundir combate às 'fake news' com censura prévia

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou nesta segunda-feira (13) o fato de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não ter editado uma resolução específica para tratar das notícias falsas (fake news) nas eleições deste ano.

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Para Marco Aurélio, que é ministro substituto do TSE, uma resolução sobre as ‘ fake news ’ poderia ser interpretada como censura prévia de conteúdo, o que não é permitido pela Constituição Federal.

“Felizmente” uma norma não foi aprovada, afirmou o ministro.

“As ideias são incontroláveis. O que nós precisamos é, posteriormente, diante de uma mentira intencional - e não me refiro ao erro, e sim a uma inverdade - ter as consequências jurídicas. Mas, a priori, qualquer regulamentação soaria como censura”, disse Marco Aurélio de Mello, que nesta manhã participou de um seminário sobre democracia e eleições em uma universidade particular de Brasília.

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Ele ressaltou a importância da imprensa profissional para esclarecer a população sobre informações falsas divulgadas como verdadeiras.

O ministro do TSE Tarcísio Vieira também participou do evento e comentou o tópico. Vieira afirmou que integrantes do FBI (a polícia federal norte-americana) que visitaram o TSE disseram não ter dúvidas de que as eleições norte-americanas foram manipuladas com informações falsas disseminadas em redes sociais da internet.

Vieira destacou o enorme desafio mentiras veiculadas na internet para a Justiça Eleitoral, mas não detalhou como o TSE lidará com o tema durante as eleições de 2018. Hoje, o assunto é abordado dentro da resolução sobre propaganda eleitoral, que prevê a retirada de conteúdo e multa em caso de divulgação de notícias falsas.

Um grupo de trabalho específico sobre o assunto, formado no TSE, chegou a discutir a minuta de uma resolução específica para regulamentar o tema das ' fake news ' para as eleições deste ano, mas o documento nunca chegou a ser votado pelos ministros da Corte Eleitoral.

* Com informações da Agência Brasil

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