Um dia depois de ser anunciado como o candidato à vice-Presidência da República na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), o general da reserva Hamilton Mourão fez uma declaração polêmica na noite desta segunda-feira (6). Os alvos da afirmação do vice de Bolsonaro foram os negros e os indígenas.
"E o nosso Brasil? Já citei nosso porte estratégico. Mas tem uma dificuldade para transformar isso em poder. Ainda existe o famoso 'complexo de vira-lata' aqui no nosso País, infelizmente", disse o vice de Bolsonaro . "Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem. Nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano", afirmou.
A declaração do general Mourão foi feita durante um evento em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, sob o contexto das condições de subdesenvolvimento do Brasil e da América Latina, em relação a outros países. "Então, esse é o nosso cadinho cultural", completou.
Ao ter relacionado os negros à malandragem e os indígenas à indolência, Mourão foi acusado de racismo. Em sua defesa, porém, disse que seu comentário não foi racista, mas "muito pelo contrário".
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"Quiseram colocar que o Bolsonaro é racista, agora querem colocar em mim. Não sou racista , muito pelo contrário. Tenho orgulho da nossa raça brasileira", afirmou. "O que eu fiz foi nada mais nada menos que mostrar que nós, brasileiros, somos uma amálgama de três raças, a junção do branco europeu com o indígena que habitava as Américas e os negros africanos que foram trazidos para cá", disse ele.
Repercussão sobre a fala do vice de Bolsonaro
Além das críticas recebidas nas redes sociais, o comentário do general Mourão também foi alvo da reprovação por parte dos demais presidenciáveis. Afinal, pelo menos o candidato do Psol, Guilherme Boulos, e a candidata da Rede, Marina Silva, comentaram sua declaração.
Boulos afirmou que Bolsonaro e Mourão são a junção do "preconceito" e a "estupidez". Marina, por sua vez, avaliou o comentário como preconceituoso e alertou: "Extremismo e racismo são uma combinação perigosa. Não podemos tolerar racismo numa corrida presidencial".
Manuela D'Ávila, que deve ficar com a vice-Presidência caso o PT ganhe as eleições 2018 , disse que "o que o Brasil herdou, como demonstra a fala do general, foi um racismo abjeto, oriundo de mais de 300 anos de escravidão".
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo , o candidato Jair Bolsonaro não quis comentar a declaração do seu vice. Pelo contrário, disse que isso é assunto exlusivamente de Mourão. "Ele que explique para vocês, se é que ele falou. Eu não tenho nada a ver com isso", afirmou.
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A fala do vice de Bolsonaro lhe rendeu uma posição nos assuntos mais comentados do Twitter nesta terça-feira (7).