Manuela D'Ávila e Fernando Haddad durante entrevista coletiva nesta terça-feira (7)
Ricardo Stuckert
Manuela D'Ávila e Fernando Haddad durante entrevista coletiva nesta terça-feira (7)

O ex-prefeito de São Paulo e candidato a vice-presidente na chapa de Lula (PT), Fernando Haddad, explicou melhor nesta terça-feira (7) o  acordo costurado no último fim de semana entre o Partido dos Trabalhadores e o PCdoB para a eleição presidencial.

Segundo o ex-prefeito e a outrora presidenciável Manuela D'Ávila, Fernando Haddad será o "porta-voz e interlocutor" de Lula enquanto o ex-presidente estiver impedido de atuar pessoalmente em sua própria campanha, e, posteriormente, Manuela assumirá a vaga de candidata a vice-presidente "em qualquer cenário" – ou seja, com ou sem Lula na disputa. 

"Nós dois somos pessoas desprendidas em proveito de um projeto que nós confiamos. Eu estou representando o presidente Lula, como candidato a vice-presidente e, assim que ele tiver sua candidatura homologada, nós vamos estender o tapete vermelho para a Manuela assumir o meu lugar. E vai ser um dia de glória. Não existe aqui projeto pessoal. Existe a ideia de que nós precisamos resgatar o Brasil e fazer todo o esforço para isso acontecer", disse o petista.

"Nossa vice é diferente do vice do Bolsonaro. É a vice dos nossos sonhos", complementou o ex-prefeito, fazendo menção ao general Hamilton Mourão, que  causou revolta ao proferir declaração preconceituosa na noite dessa segunda-feira (6).

Haddad disse "lamentar" que a aliança formada por PT e PCdoB "não seja mais ampla". Os partidos não conseguiram assegurar o apoio do PSB, que era cortejado até o fim de semana, mas preferiu adotar postura neutra na eleição presidencial. "Tenho convicção de que nós estamos apostando no projeto correto. Lamentamos que nem todos tiveram a mesma compreensão", afirmou Haddad durante entrevista coletiva concedida em São Paulo.

Manuela D'Ávila , por seu turno, disse enxergar a aliança com o PT em detrimento de uma candidatura própria do PCdoB como a "saída que mais reúne condições de vencer as eleições". E emendou: "Eu vou morar no Palácio do Jaburu. Quem vai tirar o Temer do Jaburu, sou eu".

Fernando Haddad defende Lula na TV 

Fernando Haddad é o
Divulgação
Fernando Haddad é o "interlocutor" de Lula enquanto petista não pode atuar pessoalmente na campanha

Ao falar sobre Lula , o ex-ministro voltou a afirmar que o ex-presidente sofre "perseguição política injustamente" e se disse "honrado" por ter sido convidado para representá-lo. "É muito difícil acompanhar o que está acontecendo com ele. É um sofrimento pessoal. A gente sai de lá [da superintendência da Polícia Federal em Curitiba] com o coração apertado. Do meu ponto de vista, eu recebi um convite do presidente sabendo que, no momento do registro, a candidatura da Manuela se impõe. Estou muito confortável com essa situação."

Haddad explicou que, apesar de encarnar o posto de 'porta-voz' de Lula enquanto o ex-presidente está preso em Curitiba, ele acredita que o próprio líder petista deve ganhar o  direito de participar pessoalmente de debates entre os presidenciáveis.

"A legislação é muito clara. Mesmo uma campanha sob júdice, ela tem todas as prerrogativas de uma candidatura que não esteja sendo contestada. A partir do dia 15, na minha opinião, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passa a ser a instância correta para dirimir dúvidas como essa. Deveremos recorrer à Justiça para aplicar o Código Eleitoral, que garante prerrogativas de direitos iguais, inclusive para TV e rádio. Ele [Lula] tem o direito de participar de tudo. Então nós teremos o Lula em rádio e em TV", analisou.

Questionado sobre a possibilidade de vir a assumir a condição de candidato a presidente – no caso da impugnação da candidatura de Lula por conta da Lei da Ficha Limpa – e ter de superar sua falta de popularidade entre os eleitores, Haddad foi evasivo. "Então você tem que perguntar para todo mundo sobre falta de apoio. Tá cheio de gente sem apoio querendo ser presidente."

"Estamos defendendo um projeto e quem personifica esse projeto é a maior expressão política da história do País, que é o Lula. Eu, a Manuela e toda a militância vamos rodar o País com essa mensagem de que nós queremos resgatar a soberania nacional, a soberania popular. E vai ser especial o dia em que a candidatura do Lula for registrada e eu ceder o meu lugar para a Manuela", completou Fernando Haddad .

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