O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o recebimento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi interrompido nesta terça-feira (26) após um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
Leia também: Supremo anula buscas em apartamento de Gleisi Hoffmann
Ciro Nogueira é acusado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. Durante o julgamento do caso, que começou a ser analisado hoje pela Segunda Turma dos STF, Dias Toffoli votou contra o recebimento da denúncia, por entender que não foram produzidas provas suficientes para abertura da ação penal contra o senador.
O relator caso, Edson Fachin, votou pelo recebimento de denúncia por haver indícios dos supostos crimes. Após pedir vista, Gilmar Mendes disse que pretende trazer o caso de volta para julgamento em agosto, após o recesso de julho na Corte. Faltam os votos de Ricardo Lewandoski e Celso de Mello.
Segundo a acusação, feita ao Supremo em 2016, o senador teria recebido, por meio de outros acusados, R$ 2 milhões de propina da UTC Engenharia, uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato, em obras vinculadas ao Ministério das Cidades e ao estado do Piauí. Os fatos teriam sido delatados pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC , um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras.
Leia também: STF manda soltar o ex-ministro José Dirceu
Defesa
Durante o julgamento, o advogado de Ciro, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que Ricardo Pessoa nunca disse em seus depoimentos que houve algum pedido ou promessa de vantagens por parte do parlamentar.
"A denúncia se baseia em delação premiada, mas o que se deu aqui foi a interpretação pelo procurador-geral da República [Janot] da delação. Em momento algum, Ricardo Pessoa, que é o delator principal, fala em qualquer pedido, qualquer contrapartida”, disse o advogado.
Ciro Nogueira foi citado em delação da JBS
O empresário Joesley Batista relatou em depoimento à Polícia Federal que negociou o pagamento de R$ 500 mil em propina ao presidente nacional do PP. Segundo o delator e sócio do grupo J&F, o dinheiro efetivamente chegou às mãos do parlamentar em uma mala entregue pelo executivo Ricardo Saud, em março do ano passado.
O empresário afirmou ao delegado Cleyber Malta Lopes que gravou a conversa em que ele combina o pagamento da propina a Ciro, numa reunião que contou também com a presença de Saud. A entrega da mala com os R$ 500 mil ao parlamentar ocorreu na garagem da casa de Joesley em São Paulo, segundo o depoimento do empresário.
Leia também: Bolsonaro garante que participará de todos os debates das eleições de 2018
Joesley disse que aceitou pagar propina a Ciro Nogueira pois o presidente nacional do PP era um de seus "maiores interlocutores políticos para tratar de interesses da J&F". O senador nega as acusações.
* Com informações da Agência Brasil