O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio, condenou o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções S/A e mais 14 pessoas no âmbito da Operação Saqueador. O magistrado também decidiu absolver, nesta quarta-feira (13), oito pessoas que eram investigadas no processo.
Na denúncia do Ministério Público Federal, Fernando Cavendish
, os operadores Carlinhos Cachoeira, Adir Assad e Marcelo Abbud eram acusados de lavagem de R$ 370 milhões entre 2007 a 2012
.
Classificado como "principal idealizador dos esquemas ilícitos" pelo magistrado, Cavendish foi condenado a quatro anos, dois meses e dez dias de prisão. Na decisão, Bretas ressalta que o réu era "o grande beneficiário das práticas de lavagem de dinheiro".
Carlos Augusto Ramos, o bicheiro conhecido como Carlinhos Cachoeira, foi sentenciado a 9 anos e 6 meses de prisão. O juiz escreveu que a "culpabilidade (de Cachoeira) era de extrema relevância", pelo volume expressivo de valores que ocultou por meio de empresas criadas especificamente para esconder dinheiro.
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Veja a lista de condenados:
- Fernando Antônio Cavendish Soares - 4 anos, 2 meses e 10 dias de reclusão
- Carlos Alberto Duque Pacheco - 4 anos, 2 meses e 10 dias de reclusão
- Cláudia Maria de Andrade Salgado - 3 anos e 3 meses de reclusão
- Dionísio Janoni Tolomei - 8 anos e 2 meses de reclusão
- André Machado Ferreira - 8 anos e 2 meses de reclusão
- Heraldo Puccini Neto - 8 anos e 2 meses de reclusão
- Paulo Meriade Duarte - 8 anos e 2 meses de reclusão
- Cláudio Dias de Abreu - 3 anos e 3 meses de reclusão
- Aluízio Alves de Souza - 9 anos e 6 meses de reclusão
- Adir Assad - 9 anos e 6 meses de reclusão
- Marcelo José Abbud - 9 anos e 6 meses de reclusão
- Sônia Mariza Branco - 5 anos de reclusão
- Sandra Maria Branco Malago - 4 anos e 7 meses de reclusão
- Carlos Augusto de Almeida Ramos (Carlinhos Cachoeira) - 9 anos e 6 meses de reclusão
- Geovani Pereira da Silva - 6 anos e 10 meses de reclusã
Abolvidos:
- Marília Pinto Ribeiro
- Geraldo Emídio Alves
- Luiz Henrique da Cunha Carneiro
- Humberto Soares de Mello
- Rodrigo Moral Dall Agnol
- Denise Salviano Ribeiro de Olveira
- Adalberto Palhinhas Martins
- Amauri Pontalti
Investigação
Os investigadores apuraram a atividade da empreiteira Delta e constataram que, entre os anos de 2007 a 2012, a empresa teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas, chegando ao montante de quase R$ 11 bilhões.
Desse total, mais de R$ 370 milhões foram lavados, por meio de pagamento ilícito a 18 empresas de fachada, criadas pelos chamados “operadores” do esquema. Cachoeira, Assad e Abbud eram os responsáveis por criar as empresas fantasmas que lavavam os recursos públicos, por meio de contratos fictícios, que eram sacados em espécie, para o pagamento de propina a agentes públicos, de forma a impedir o rastreamento das verbas.
Essas companhias existentes somente no papel pertencem aos dois principais grupos de operadores do esquema Delta, segundo o MPF, o liderado por Assad e o liderado por Cachoeira. No caso do primeiro grupo, Adir Assad já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e 10 meses de prisão por utilizar suas empresas de fachada para lavar o dinheiro da propina no esquema de corrupção na Petrobrás.
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Para o MPF, ele teria adotado o mesmo modus operandi, inclusive usando as mesmas empresas fictícias, para lavar dinheiro da empresa de Fernando Cavendish que teria sido direcionado para o bolso de agentes públicos e até políticos.