O papa Francisco enviou um rosário nesta segunda-feira (11) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presente foi entrega na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista está preso desde o dia 7 de abril .
Além do rosário, Lula também receberia a visita do assessor do Papa Francisco para assuntos de Justiça e Paz, Juan Gabrois, que trazia uma mensagem do pontífice para o petista. No entanto, por não ser “um líder religioso” ele foi impedido de encontrar o ex-presidente.
"Me surpreende que o argumento das autoridades tenha finalidade teológica. Pela doutrina católica, todos nós, batizados, somos discípulos e missionários e temos uma missão a cumprir", afirmou Gabrois.
Perseguição midiática e judiciária
Em maio, o papa Francisco fez uma enfática crítica sobre o papel desempenhado pela mídia na democracia atual . Para o pontífice, parte da culpa dos “golpes de estado” a que o mundo assistiu é da mídia, que difama pessoas públicas a ponto de criar as condições para que uma ruptura da democracia ocorra.
“Essa instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde primeiros tempos até hoje”, ensinou o papa.
Como exemplo, Francisco lembrou a chegada triunfal de Cristo à Jerusalém, no “domingo de ramos”, cidade onde, dias depois, na sexta-feira, ele seria crucificado a pedido da própria população que antes o louvava.
“Criam-se condições obscuras para condenar uma pessoa”, acusou o pontífice, método, segundo ele, usado hoje ainda “na vida civil, na vida política, quando se quer um golpe de Estado”.
O papa Francisco , inclusive, detalhou as etapas do processo de golpe de estado: “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Entra em ação, aí, o poder judiciário, que “as condena e, no final, se faz um golpe de estado”.
Para o papa Francisco, a perseguição midiática e judiciária é comparável ao que ocorria nas arenas de gladiadores, onde a multidão gritava por sangue e mortes. O pontífice, contudo, não apontou países específicos onde a situação por ele descrita tenha ocorrido, limitando-se a tratar do assunto de forma mais genérica.
Condenação
O ex-presidente está preso desde 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre sua pena de 12 anos e um mês imposta pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal da capital paranaense.
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Lula foi preso após ter sua condenação confirmada pela segunda instância , de acordo com entendimento atual do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite o cumprimento de pena mesmo que ainda reste a possibilidade de recurso a instâncias superiores.